“Faces da tortura”: Venezuela, Cuba, Nicarágua e Bolívia
Em encontro organizado em Madri, por Leopoldo López e pelo World Liberty Congress, exilados e antigos presos políticos testemunharam as atrocidades das autocracias em curso na América
Nicolás Maduro acusou nesta segunda-feira, 18 de março, o opositor Leopoldo López e o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe de conspirarem contra as eleições presidenciais de 28 de julho.
Durante seu programa semanal de televisão, o ditador venezuelano referiu-se a um encontro recentemente realizado por López e Uribe, a quem qualificou de “terroristas” e “criminosos”.
“Tenho informações sobre planos que estão preparando para atacar os estados vizinhos de Zulia (fronteira com a Colômbia) com terroristas, com paramilitares, para atacar serviços públicos (…) quando esses dois terroristas do mal se encontram é para conspirar”, disse Maduro, que garantiu que o encontro dos dois políticos aconteceu na Colômbia.
O líder da oposição venezuelana, Leopoldo López, respondeu esta terça-feira, 19, às acusações de Nicolás Maduro:
«Maduro aqui, o bandido, assassino e responsável por cometer crimes contra a humanidade é você. E não sou que estou dizendo isso, mas a ONU e o TPI que, na semana passada, nomearam os três juízes para o caso em que você e sua cadeia de comando militar, policial e judicial são acusados de centenas de casos de tortura, desaparecimentos forçados e assassinatos“, disse López em uma mensagem postada em sua conta X.
Faces da tortura
Leopoldo López, junto com a organização World Liberty Congress, iniciou nessa segunda-feira, 18 de março, em Madri, Espanha, um evento intitulado “Faces da tortura, autocracias na América Latina.” No encontro, exilados e antigos presos políticos de Venezuela, Cuba, Nicarágua e Bolívia partilham seus testemunhos e denúncias sobre violações dos direitos humanos nos referidos países.
Leopoldo López, que esteve privado de liberdade durante sete anos, referiu-se à situação política na Venezuela face às eleições presidenciais convocadas pelo regime de Nicolás Maduro, que mantém a desqualificação da candidata presidencial de oposição, Maria Corina Machado:
“(María Corina) foi desqualificada ilegalmente pela ditadura de Nicolás Maduro, diria até covardemente desqualificada. Maduro não está disposto a enfrentar eleições livres e não está disposto a enfrentar María Corina Machado”, declarou.
Nesse mesmo contexto, López argumentou que é um erro falar de um processo eleitoral no país latino-americano: “Na Venezuela não há eleições justas ou livres. Há um evento convocado e os venezuelanos hoje estão massivamente mobilizados, liderados por María Corina Machado”.
Ele destacou ainda que regimes como o de Nicolás Maduro procuram apenas criar uma “fachada eleitoral” e demonstrar uma falsa transição democrática.
30 anos de prisão por conspiração
Em 18 de março, na mesma noite em que teve início esse evento organizado por Leopoldo Lopéz, o regime de Nicolás Maduro anunciou a pena de 30 anos de prisão contra dez homens – entre militares e policiais – detidos e levados a julgamento por supostamente conspirarem com Leopoldo Lopéz.
Trata-se de dez homens detidos em dezembro de 2019 e levados a julgamento por uma suposta conspiração que chamaram de “honra e glória”. O presidente da Assembleia, Jorge Rodríguez, alegou que o grupo tinha sido recrutado pelo partido de Leopoldo López e Juan Guaidó, Vontade Popular, a fim de cometer assaltos a quartéis militares.
“São venezuelanos humildes”, afirma o advogado de um dos detidos, que lamenta a pouca visibilidade deste caso nos meios de comunicação.
A Coalizão pelos Direitos Humanos publicou uma foto que revela a incrível deterioração de um dos detidos, o primeiro sargento da Guarda Nacional, César Mayora, cuja família denuncia torturas.
Atualmente sete estão na prisão El Rodeo III, um na prisão Rodeo II e um na prisão militar Ramo Verde, onde Leopoldo López foi detido, apesar de ser civil.
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