O ex-presidente Evo Morales denunciou, nesse domingo, 27 de outubro, que “agentes do Estado” boliviano tentaram assassiná-lo em um ataque a tiros contra seu veículo, em Cochabamba (centro), e comunicou o ocorrido à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Somente o motorista do ex-presidente saiu ferido do incidente.

“Denuncio de maneira urgente” à CIDH “que agentes de elite do Estado boliviano atentaram contra minha vida hoje (domingo, 27)”, declarou Morales, presidente da Bolívia entre 2006 e 2019 e atualmente em oposição ao seu ex-ministro da Economia e atual mandatário, Luis Arce.

Morales afirma que seu veículo recebeu 14 disparos enquanto se dirigia para seu programa semanal de rádio na região cocalera do Chapare, seu reduto político.

Protestos e bloqueios

Segundo ele, o fato ocorreu enquanto o governo “reativa operações conjuntas entre forças policiais, militares e paramilitares” para desarticular bloqueios de estradas, principalmente no departamento de Cochabamba, que neste domingo completaram 14 dias.

Os bloqueios começaram em protesto contra uma eventual detenção de Morales, investigado pelo Ministério Público por supostos crimes de estupro, tráfico e exploração de menores, referentes a uma jovem com quem teria tido uma filha em 2016.

Os manifestantes também exigem que o presidente Luis Arce apresente soluções para a crise econômica. Há 19 pontos de bloqueio em Cochabamba, em estradas que conectam as cidades de La Paz e Santa Cruz (leste).

“Estado de sítio”?

O ex-presidente Evo Morales afirmou, ainda, que o governo prepara um “estado de sítio” ou estado de exceção, limitando as liberdades de locomoção e reunião para acabar com os bloqueios.

O Comando em Chefe das Forças Armadas (FFAA) negou qualquer envolvimento no suposto atentado denunciado por Morales e apelou a seus seguidores por “calma”, depois de ameaçarem ocupar quartéis.

Forças armadas dementem Morales

“O Comando em Chefe das Forças Armadas do Estado desmente categoricamente as falsas acusações sobre o suposto atentado contra o ex-presidente Evo Morales”, informou a instituição militar em comunicado no X.

O presidente Arce respondeu na mesma rede social que ordenou “uma investigação imediata e minuciosa para esclarecer o fato” denunciado por seu ex-mentor político.