EUA vão intervir na Síria?
Analista alerta para os riscos da inação diante da queda de Assad e da instabilidade na região
A queda repentina do regime de Bashar al-Assad reacendeu o debate sobre o papel dos Estados Unidos na Síria.
O ex-presidente Donald Trump, em linha com sua política isolacionista, declarou que “a Síria não é nossa amiga” e defendeu que os EUA permaneçam alheios à crise. Contudo, o especialista Alon Ben-Meir adverte que essa postura pode trazer graves consequências para a estabilidade regional e para os interesses estratégicos americanos.
Com um governo provisório fragmentado, os desafios para estabilizar a Síria são imensos. Para Ben-Meir, a ausência de uma participação ativa dos EUA abriria espaço para o aumento da influência de potências como Irã, Turquia e Rússia, além de favorecer o ressurgimento de grupos extremistas.
Entre as prioridades, ele destaca a suspensão de sanções econômicas ao regime sírio, a reconstrução de relações financeiras e a mediação de um acordo que contemple as aspirações dos curdos por autonomia, sem comprometer a autoridade do novo governo central.
A instabilidade síria representa uma ameaça direta a aliados dos EUA, como Israel e Jordânia. O prolongamento dos conflitos internos pode agravar os fluxos de refugiados, intensificar o tráfico de drogas e fortalecer grupos extremistas. Além disso, um vácuo de poder na Síria pode ser explorado por potências adversárias, aprofundando ainda mais a instabilidade no Oriente Médio.
“Os EUA têm uma responsabilidade moral e estratégica de agir”, afirma Ben-Meir. Ele sugere medidas como o reconhecimento diplomático do novo governo sírio, a retirada de grupos locais da lista de organizações terroristas e a devolução do controle dos campos de petróleo ao governo como incentivos para promover estabilidade e reconstrução.
Com a transição de liderança nos EUA, o futuro da política externa americana na Síria permanece incerto, mas a urgência de decisões é evidente para evitar que a crise se transforme em uma nova onda de violência e instabilidade.
Apesar de seu discurso inicial de isolamento, analistas avaliam que Trump pode ser pressionado por conselheiros e aliados no Congresso a reconsiderar sua posição, sobretudo diante dos riscos à segurança nacional e à influência americana na região.
Quem é Alon Ben-Meir?
Alon Ben-Meir é professor de Relações Internacionais, especializado em estudos sobre o Oriente Médio.
Com uma longa trajetória no Centro de Assuntos Globais da Universidade de Nova York, ele é reconhecido por suas análises sobre negociações internacionais e geopolítica regional. Suas opiniões e sugestões frequentemente destacam a importância do papel estratégico dos EUA no equilíbrio do Oriente Médio.
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