EUA: eleições sob tensão e suspeita de interferência estrangeira
Cerca de 180 processos judiciais foram iniciados nos últimos meses, na maioria das vezes por iniciativa do campo republicano, para contestar as condições de organização da votação
Embora em alguns estados os primeiros resultados das eleições sejam esperados já para a noite de terça-feira, 5 de novembro, o nome do futuro inquilino da Casa Branca poderá demorar vários dias para ser definido. Um período propício a todas as suspeitas, durante o qual as autoridades estão determinadas a evitar a repetição dos acontecimentos caóticos ocorridos há quatro anos.
Sinais de alerta têm se acumulado à medida que a votação se aproxima. Cerca de 180 processos judiciais foram iniciados nos últimos meses, na maioria das vezes por iniciativa do campo republicano, para contestar as condições de organização da votação. Várias centenas de cédulas foram reduzidas a cinzas no fogo de urnas ou caixas postais usadas para votação antecipada em Oregon, no estado de Washington e em Nevada.
Donald Trump, que persiste em se apresentar como vencedor das eleições de 2020, intensificou nos últimos dias as acusações de fraude, mirando contra o uso de máquinas de votação e a duração da contagem em determinados estados, denunciando sem provas o registro de milhares de estrangeiros nas listas eleitorais e insistindo que os Democratas são “um bando de trapaceiros”.
Interferência estrangeira
Tentativas de interferência estrangeira também foram detectadas pelos serviços de inteligência, que culpam a Rússia, o Irã e a China.
Os serviços de inteligência americanos acusaram a Rússia na noite de segunda-feira, 4 de novembro, de estar “ativamente” envolvida em operações de desinformação nos sete principais estados do país que devem determinar o resultado das eleições presidenciais de terça-feira, 5.
Estes sete chamados estados-chave (Arizona, Nevada, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin) detêm a chave para a eleição por sufrágio universal indireto, graças à qual a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump terão acesso à Casa Branca.
“A Rússia é a ameaça mais ativa” nestes estados americanos, acusaram a Polícia Federal (FBI), o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) e a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestruturas (CISA). “Essas tentativas correm o risco de incitar a violência, inclusive contra funcionários eleitorais”, alarmam esses serviços.
Os “estados indecisos”, que podem oscilar para um lado ou para o outro, já são alvo de alegações dos republicanos de “trapaça” e “fraude” alegadamente levadas a cabo pelos democratas.
Segundo o ODNI, circulou recentemente nas redes sociais um vídeo com uma entrevista a uma pessoa que afirmava que a fraude com votos falsos e alterações de listas eleitorais favorecia Kamala Harris no Arizona. O secretário de Estado do Arizona, Adrian Fontes, classificou o vídeo como “completamente falso” e seu estado, considerado um bastião da conspiração eleitoral, tomou medidas para proteger seus funcionários eleitorais e suas operações eleitorais.
O seu homólogo na Geórgia (sudeste), Brad Raffensperger, relatou “um vídeo que pretende mostrar um imigrante haitiano possuindo vários bilhetes de identidade da Geórgia e alegando ter votado várias vezes”. O FBI, ODNI e CISA confirmaram que “agentes de influência russos fabricaram” este vídeo.
Moscou disse se tratar de “alegações infundadas” e que “todas as insinuações sobre “maquinações russas” eram “calúnias maliciosas”.
Esta não é a primeira vez durante esta campanha presidencial americana que Washington acusa Moscou ou Teerã, de se envolver em operações de desinformação nas redes sociais para provocar distúrbios.
Tal como durante a campanha vitoriosa de Donald Trump em 2016, a Rússia negou qualquer atividade desestabilizadora na Internet e garantiu “respeitar a vontade do povo americano”.
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