O governo dos Estados Unidos afirmou que soldados norte-coreanos que se unirem à Rússia na guerra contra a Ucrânia serão considerados “alvos legítimos”.

A declaração, feita pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, reflete a crescente preocupação com a presença de cerca de 12 mil soldados norte-coreanos que, segundo estimativas de Washington e Seul, devem reforçar as tropas russas no conflito.

Cerca de 3 mil soldados norte-coreanos já estariam em solo russo, onde passam por treinamentos em bases militares. Kirby destacou que, caso entrem em combate, os norte-coreanos “serão tratados como qualquer outro inimigo no campo de batalha”. Segundo ele, “poderemos ver soldados norte-coreanos mortos e feridos lutando ao lado da Rússia contra a Ucrânia”.

A decisão de enviar tropas norte-coreanas para a Rússia marca uma nova fase de cooperação entre Moscou e Pyongyang, intensificada após o aumento das sanções ocidentais contra a Rússia desde a invasão da Ucrânia em 2022.

Em resposta às alegações, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou as notícias sobre o envio de tropas norte-coreanas como “falsas” e “sensacionalistas”. Apesar disso, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que existem evidências de que tropas norte-coreanas foram deslocadas para a Rússia, embora os objetivos dessa operação ainda não estejam totalmente claros.

Autoridades sul-coreanas, por outro lado, reforçam que a movimentação é um apoio direto ao esforço de guerra russo. Em declaração recente ao parlamento, o ministro da Defesa sul-coreano alegou que os norte-coreanos, inclusive, estariam usando uniformes russos para se integrarem de forma mais eficaz às forças de Moscou.

“Kim Jong Un está vendendo soldados norte-coreanos como mercenários”, afirmou o ministro, descrevendo a situação como um acordo que transforma os soldados de Pyongyang em “bucha de canhão”.

A presença de militares norte-coreanos na Rússia gerou preocupação entre líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que veem a movimentação como uma escalada significativa no apoio de Pyongyang à Rússia.

A porta-voz da OTAN, Farah Dakhlallah, declarou que, se as tropas forem realmente destinadas ao combate na Ucrânia, isso será um indicativo das “graves perdas que a Rússia vem sofrendo nas linhas de frente”.