Esquerda francesa reage à nomeação de primeiro-ministro
"Um presidente de direita nomeia um primeiro-ministro de direita”, escreveu no X Patrick Kanner, presidente do grupo socialista no Senado francês
Após recusar o nome de Lucie Castets sugerido o pela coalizão de esquerda NFP e testar vários nomes em dias intermináveis de articulação política, Emmanuel Macron nomeou um experiente político de direita como primeiro-ministro. A esquerda reagiu com indignação
Patrick Kanner, presidente do grupo socialista no Senado, reagiu no X à nomeação de Michel Barnier: “Vamos opor-nos à continuidade da política de Emmanuel Macron”, reagiu “Senhor Primeiro Ministro, você vai revogar a reforma previdenciária? Estabelecer uma ISF climática? Fortalecer nossos serviços públicos? Provavelmente não. Um presidente de direita nomeia um primeiro-ministro de direita.”
Partido socialista anuncia que vai censurar Michel Barnier
Num comunicado de imprensa, o Partido Socialista anunciou que os 66 representantes eleitos do seu grupo parlamentar na Assembleia Nacional irão censurar o novo Primeiro-Ministro. “Michel Barnier não tem legitimidade política nem legitimidade republicana. Esta situação gravíssima não é aceitável para os democratas que somos”, justifica o partido de esquerda.
Esta posição não é uma surpresa. O presidente do grupo Socialistas e Aliados da Assembleia Nacional, Boris Vallaud, avisou que qualquer primeiro-ministro de direita seria censurado.
Descriminalização da homossexualidade
O extremista de esquerda, Jean-Luc Mélenchon (LFI), na sua reação contundente à nomeação de Michel Barnier para cargo de primeiro-ministro, não deixou de salientar que o novo primeiro-ministro votou em 1981 contra a descriminalização da homossexualidade.
“Qual o significado de tal mensagem?”, perguntou retoricamente ao seu séquito nas redes sociais, que agora o ajudam a divulgar este voto de há mais de 40 anos.
Mesmo que seja antiga, tal posição constitui um casus belli para a esquerda. “Michel Barnier é tão velho que pôde votar a descriminalização da homossexualidade. Adivinha em que ele votou? Contra”, diz um executivo comunista no X, por exemplo.
Acordo com Le Penn?
Clémence Guetté, outro deputado do partido extremista La França Insoumise (LFI), acusou Macron de se coligar com Le Penn:
“O presidente nomeia Michel Barnier com autorização do RN. O macronismo entra numa coligação de fato com Marine Le Pen. Este é um ponto de viragem sem precedentes na história deste país!”, escreveu o deputado em seu perfil no X
A secretária nacional dos Ecologistas, Marine Tondelier, também reagiu à nomeação num longo vídeo. “Não só o rumo não vai mudar, mas com o senhor Barnier, o principal risco é que esse rumo se intensifique”, continuou ela. A ecologista evoca “uma situação extremamente preocupante”
Sai Attal, entra Barnier
O ex-primeiro-ministro Gabriel Attal publicou um vídeo no X para agradecer aos franceses. “Sou movido por uma única paixão: servir, ser útil ao meu país”, afirma. “O vínculo que temos é a coisa mais preciosa que tenho. Conte comigo para continuar tecendo-o”, finaliza.
A transferência de poder entre Gabriel Attal, primeiro-ministro renunciante, e Michel Barnier será realizada em Matignon. Tradicionalmente, um discurso é então proferido.
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