Espécies se espalham em meio a crise climática
Espécies invasoras são uma grande ameaça à biodiversidade brasileira. Conheça os perigos e algumas espécies exóticas invasoras no país e saiba como contenê-las.
Os invasores já estão entre nós. E não, não são alienígenas, mas espécies terrestres que, ao evadir-se do seu hábitat natural e conquistar novos terrenos, desafiam a ecologia e a agricultura. É o que está acontecendo com uma lista extensa de plantas.
Até então adormecidas ou limitadas, agora elas se aproveitam do aquecimento global para se disseminar e comprometer inúmeras regiões do planeta. O aviso foi dado por uma pesquisa coordenada pela Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos. Ela acusa a existência de 169 espécies vegetais que, ao acordar e se expandir, poderão causar desastres ambientais e econômicos.
Ameaças das Plantas Invasoras no Brasil
Tais espécies, um dia devidamente contidas, são despertadas pelas mudanças climáticas em curso, especialmente o aumento das temperaturas e alterações no regime de chuvas. Ao ganhar território, elas são capazes de transformar ecossistemas e levar ao colapso a biodiversidade local.
As plantas invasoras se beneficiam, na realidade, de algumas particularidades biológicas. “Elas têm maior eficiência ao fazer a fotossíntese, são mais resistentes a variações ambientais e, em geral, mais adaptadas ao clima quente”, diz Vania Pivello, pesquisadora do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo (USP).
Quais Plantas Invasoras Estão se Espalhando?
Essa alta capacidade adaptativa permite que arbustos, cactos e árvores daninhas se multipliquem muito mais rápido que as populações nativas. Para complicar, algumas regiões são mais vulneráveis a elas, como as áreas insulares, tropicais e subtropicais. O alerta, portanto, é especialmente relevante para o Brasil.
Abaixo algumas das plantas invasoras destacadas:
- Erva-de-São-Caetano – Nome científico: Centaurea solstitialis – Origem: Europa mediterrânea – Disseminação: já se dispersou pelo mundo, tornando-se uma praga na Califórnia.
- Samambaia-Trepadeira – Nome científico: Lygodium microphyllum – Origem: Ásia e África – Disseminação: já tomou a Flórida e deve se expandir pelas regiões tropicais.
- Árvore-do-Céu – Nome científico: Ailanthus altissima – Origem: China – Disseminação: é uma das principais espécies vegetais invasoras na América do Norte e na Europa, com grande potencial de crescimento.
Como Podemos Conter a Disseminação das Plantas Invasoras?
Fora o impacto sobre a flora e a fauna, a invasão pode comprometer cultivos críticos para a subsistência e a economia. No Brasil, culturas como as de soja, milho e café correm risco. O estudo recém-publicado adverte que o despertar das espécies forasteiras pode reduzir drasticamente a produtividade e aumentar os custos com o controle de pragas e a recuperação ambiental.
Existem algumas táticas para conter ou mitigar o perigo:
- Medidas de Prevenção: Evitar a introdução de espécies de alto risco é a abordagem mais eficaz, segundo a ecologista Bethany Bradley, líder da pesquisa.
- Políticas de Controle: Os países devem reforçar e implementar políticas que reduzam a introdução acidental de invasores, aumentando a inspeção de alimentos e espécies vivas.
O Papel das Organizações e dos Cidadãos
Apesar de esse campo de estudos ser relativamente novo no Brasil, já existem iniciativas de olho no fenômeno. O Instituto Hórus, uma organização não governamental, tem enfoque justamente no manejo e na gestão de espécies exóticas. Já a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos monitora mudanças ecológicas.
Nós, cidadãos, também temos um papel a cumprir nessa história, evitando transplantar espécies de outras regiões sem conhecimento adequado e sempre priorizando os representantes nativos. A esta altura, convém resgatar o conselho do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626): para comandar a natureza, é preciso obedecer-lhe.
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