Economista alemão critica ajuda financeira de Lula e Bolsonaro a Putin
Robin Brooks defende que Brasil compre fertilizantes e diesel de algum país que não esteja invadindo outro e matando pessoas inocentes
O economista alemão Robin Brooks, formado na London School of Economics e PhD em Economia pela Universidade de Yale, expôs e criticou no X, neste sábado, 13 de julho, a ajuda financeira do Brasil de Lula e Jair Bolsonaro à ditadura de Vladimir Putin, ou seja, os “Barris de sangue” apontados por Crusoé em 13 de julho de 2023, quando a revista explicou como o país financia a máquina de guerra russa.
Atualmente membro sênior da Brookings Institution, instituição sediada em Washington que faz “pesquisa e análise independentes sobre as questões políticas mais importantes do mundo”, o ex-estrategista para mercados emergentes do banco Goldman Sachs e ex-economista chefe do IFF (Instituto Internacional de Finanças) publicou um gráfico com valores das exportações do Brasil (em azul) para a Rússia e das importações (em vermelho), de janeiro a junho de todos os anos de 2007 a 2024, em bilhões de dólares.
De acordo com os dados da Haver Analytics expostos por Brooks, o Brasil importou em 2022, no governo Bolsonaro, mais de 4 bilhões de dólares (quase o dobro de 2021) da Rússia, valor depois turbinado em 2024, no governo Lula, para mais de 5 bilhões. Desde 2018, as exportações não passam de 1 bilhão de dólares e ainda vêm diminuindo desde 2022.
“O Brasil nunca importou tanto da Rússia como agora. Não se trata de Lula versus Bolsonaro. As importações são elevadas sem precedentes em ambos [os governos]. O Brasil certamente pode comprar fertilizantes e diesel de algum outro país – um que não esteja invadindo a Ucrânia e matando pessoas inocentes…”, escreveu Brooks, conhecido nas redes sociais brasileiras como “o careca do Goldman” desde que manifestou otimismo em relação ao real.
O problema é que trocar de fornecedor, como passaram a fazer países europeus após a invasão e os bombardeios russos, dá mais trabalho que bajular o antigo.
Os panos de Bolsonaro para Putin
Em fevereiro de 2022, Jair Bolsonaro defendeu Putin e disse que falar em massacre russo em território ucraniano é um “exagero”. “Não há interesse por parte de um chefe de Estado em praticar massacre com quem quer que seja. Ele [Putin] está se empenhando em duas regiões da Ucrânia”, garantiu o então presidente.
Naquele mês, o Brasil se viu impelido a votar pela condenação da invasão russa, “apesar da relutância de Bolsonaro”, como noticiou a Reuters. A Rússia foi o único dos 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a votar contra, mas conseguiu barrar a resolução porque tem poder de veto.
Em setembro de 2022, a relutância de Bolsonaro venceu. No mesmo Conselho, o Brasil se absteve – junto com China, Índia e Gabão – de votar em resolução que condenava a anexação proclamada pela Rússia das províncias ucranianas de Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson. Dez países votaram a favor, mas novamente a Rússia usou seu poder de veto.
Os panos de Lula para Putin
Em maio de 2022, Lula já havia dito à revista americana Time que “as pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin”.
Em janeiro de 2023, o petista declarou que, “quando um não quer, dois não brigam”.
Em setembro de 2023, afirmou que, se Putin vier ao Brasil, “não há por que ele ser preso”, ignorando a mandado de prisão aberto contra o ditador russo pelo Tribunal Penal Internacional, em razão do sequestro de cerca de 20 mil crianças ucranianas, também chamado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de “genocídio cultural”. Na ocasião, o petista ainda tentou desqualificar o TPI, alegando que “os países emergentes são signatários de coisas que prejudicam eles mesmos”.
Em 8 de julho de 2024, a Rússia bombardeou um hospital infantil em Kiev e até hoje Lula não se pronunciou a respeito. Seu governo demorou cerca de 20 horas para emitir apenas uma nota de suposto repúdio que nem sequer cita Rússia ou Putin.
Em 12 de julho, no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil de Lula ainda se absteve em votação de resolução pedindo que tropas russas desocupem uma usina nuclear na Ucrânia. O texto, porém, acabou aprovado com votos favoráveis de 99 países.
“A radiação não conhece fronteiras”, alertou Sergiy Kyslytsya, embaixador da Ucrânia na ONU, sobre os riscos do uso militar das instalações nucleares.
O Brasil tampouco conhece fronteiras para comer na mão de Putin. Como Lula e Bolsonaro não se importam com os ucranianos, cada vez mais o país importa da Rússia.
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