Desinformação sobre saúde viraliza
"Influenciadores mal-intencionados exploram reações emocionais intensas e extremas, como medo e ultraje, uma mentalidade de 'nós contra eles' e assustando as pessoas", diz Sander van der Linden, professor de psicologia social na Universidade de Cambridge
A Suprema Corte dos Estados Unidos analisa, nesta segunda-feira, 18, um caso que envolve a comunicação do governo Biden com sites de redes sociais sobre postagens que, segundo os oficiais, continham alegações falsas ou enganosas sobre as vacinas contra a Covid-19 e a pandemia.
O debate, embora centrado na liberdade de expressão, também destaca os danos potenciais da desinformação médica, que, segundo especialistas, está se tornando cada vez mais complexa e difícil de identificar.
“Está tudo mudando muito rápido, e está cada vez mais difícil para a pessoa média filtrar”, disse o Dr. Anish Agarwal, médico de emergência em Filadélfia para o The New York Times.
Postagens sobre saúde com conteúdos não respaldados pela ciência se proliferaram nas plataformas de mídia social. As mesmas teorias conspiratórias que alimentaram a hesitação vacinal durante a pandemia de Covid-19 agora estão minando a confiança nas vacinas contra outras doenças, incluindo o sarampo, à medida que mais pessoas perdem a confiança nos especialistas e instituições de saúde pública. E os rápidos desenvolvimentos em inteligência artificial tornaram ainda mais difícil para as pessoas discernir o que é verdadeiro e o que é falso online.
“Temos mais noção de que não é apenas um fluxo de informações envenenado que as pessoas estão recebendo, mas um ciclo de feedback onde temos perda de confiança, e temos desinformação, e a desinformação pode levar à perda de confiança”, disse Tara Kirk Sell, pesquisadora sênior no Centro de Segurança Sanitária da Johns Hopkins.
Especialistas recomendam cautela com postagens sobre curas milagrosas e soluções rápidas não comprovadas cientificamente. “Valide com seu médico, com agências de saúde pública locais”, aconselha o Dr. Agarwal.
Mantenha-se vigilante quanto a alegações online que chegam a conclusões sem evidências suficientes ou que apelam para suas emoções, aconselha a Dr. Sell. Ao se deparar com um conteúdo médico online, questione: algum aspecto da mensagem parece projetado para te envolver emocionalmente? A fonte se corrige quando comete um erro?
A desinformação comumente inclui “falsos especialistas”, segundo Sander van der Linden, professor de psicologia social na Universidade de Cambridge, que pesquisa desinformação. São pessoas que fazem alegações de saúde sem quaisquer credenciais médicas, ou médicos que fazem declarações sobre tópicos fora de sua especialidade. “Você não iria querer ir a um médico de ouvido e nariz para fazer uma operação cardíaca”, disse ele.
A desinformação também costuma usar linguagem polarizadora, disse ele. “Influenciadores mal-intencionados exploram reações emocionais intensas e extremas, como medo e ultraje, uma mentalidade de ‘nós contra eles’ e assustando as pessoas”, explica Sander van der Linden. Imagens e vídeos projetados para provocar preocupação, como filmagens de bebês chorando e agulhas enormes, são muito usados.
Algumas das formas mais comuns de desinformação sobre saúde incluem imagens antigas apresentadas como mais recentes, trechos de citações tiradas de contexto, estatísticas escolhidas a dedo e gráficos enganosos.
Sempre que possível, tente rastrear a fonte original da informação e verificar se detalhes chave foram omitidos ou alterados, disse Irving Washington, pesquisador sênior de desinformação sobre saúde e confiança na KFF, uma organização sem fins lucrativos focada em políticas de saúde.
Ele também recomenda validar uma alegação radical ou improvável com múltiplas outras fontes de informação confiáveis, como sites de agências de saúde.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)