Deputada francesa convocada a depor por apologia ao terrorismo
Mathilde Panot, deputada do partido de extrema esquerda francês, La France insoumise (LFI), anunciou ter sido convocada pela polícia por apologia ao terrorismo. A convocação deve-se a um documento publicado pelo LFI em 7 de outubro que justicava o ataque do Hamas
Mathilde Panot, deputada do partido de extrema esquerda francês, La France insoumise (LFI), anunciou ter sido convocada pela polícia por apologia ao terrorismo.
A convocação dá-se no âmbito de uma investigação aberta na sequência de um comunicado de imprensa do seu grupo parlamentar publicado no dia do ataque do Hamas em Israel.
A convocação se baseia no comunicado oficial da bancada parlamentar LFI-Nupes datado de 7 de outubro. Nesse dia, o grupo de esquerda publicou um texto que justificava o ataque do Hamas como uma ofensiva armada das forças palestinas em resposta à intensificação da política de ocupação israelense nos territórios palestinos.
Privadamente, muitos mandatários do LFI reconheceram posteriormente que o comunicado de imprensa tinha sido mal escrito, especialmente quando o mundo começou a tomar consciência da dimensão dos massacres cometidos pelo movimento grupo islâmico.
A redação foi atribuída à deputada parisiense Danièle Obono, mas o LFI negou. Poucos dias depois, esta parlamentar afirmou em entrevista que o Hamas era “um movimento de resistência que se define como tal” e que “resiste a uma ocupação”.
Após esses comentários, o Ministro do Interior, Gérald Darmanin, intentou uma ação judicial por “apologia ao terrorismo” argumentando que “fazer apologiaao terrorismo consiste em apresentar ou comentar favoravelmente atos terroristas segundo definição do Ministério da Justiça”.
Um ramo do Novo Partido Anticapitalista (NPA) também está sob investigação por este mesmo motivo. Em 7 de Outubro, o partido de extrema-esquerda emitiu uma declaração na qual “lembrava o seu apoio aos palestinos e aos meios de luta com os quais eles escolheram resistir”.
A deputada Mathilde Panot comentou em um comunicado de imprensa que sua convocação pela polícia era “uma grave exploração de justiça destinada a amordaçar expressões políticas”. “Esta é a primeira vez em toda a história da Quinta República que um presidente de um grupo de oposição na Assembleia Nacional é convocado por um motivo tão grave”, disse ela.
O líder do partido LFI, Jean-Luc Mélenchon, denunciou, por sua vez, a convocação como “um acontecimento sem precedentes na história da nossa democracia”.
“Agora sabemos quem ameaça a liberdade de consciência e porquê: proteger um genocídio!”, acrescentou Mélenchon, referindo-se à situação em Gaza.
Os Insoumis, como são chamados pelos franceses os integrantes do LFI, fizeram da guerra no Oriente Médio e da defesa da causa palestina o foco principal da sua campanha para as eleições europeias de 9 de Junho, denunciando regularmente um “genocídio” em Gaza.
Na semana passada, duas conferências do três vezes candidato presidencial, Jean-Luc Mélenchon, sobre a situação no Oriente Médio foram canceladas em Lille, primeiro na universidade e depois numa sala privada.
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