Democracia enfrenta pior crise global em meio século
Eleições contestadas, desinformação e uso de IA em campanhas impulsionam o declínio democrático, segundo estudo
O Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA) alertou para um grave declínio global na democracia em 2023.
O relatório divulgado nesta terça, 17, revelou que as eleições perderam credibilidade e a atividade parlamentar enfraqueceu ao redor do mundo, marcando o pior ano em quase 50 anos. A participação dos eleitores despencou, caindo de 65,2% em 2008 para 55,5% no último ano. O estudo também destaca que uma em cada três eleições tem sido contestada de alguma forma.
Segundo a organização, 47% dos países sofreram uma queda significativa em indicadores-chave da democracia nos últimos cinco anos. Kevin Casas-Zamora, secretário-geral da International IDEA, afirmou que as eleições continuam sendo “a melhor chance de reverter o retrocesso democrático”, mas alertou que essa recuperação se torna impossível quando os pleitos perdem sua integridade.
Entre os fatores apontados para o enfraquecimento das democracias estão a interferência estrangeira, a disseminação de desinformação e o uso indevido de inteligência artificial em campanhas eleitorais. Esses problemas, aliados à intimidação por parte de governos, estão comprometendo seriamente a legitimidade dos processos eleitorais.
Entre 2020 e 2024, cerca de 20% das eleições tiveram resultados contestados por um dos candidatos ou partidos perdedores, o que evidencia a fragilidade das democracias modernas.
Queda da democracia no mundo
A situação democrática se deteriora de forma desigual pelo mundo. Na África, enquanto países como Burundi e Zâmbia mostraram sinais de melhora, regiões como o Sahel, particularmente Burkina Faso, enfrentam declínios dramáticos, com golpes militares se tornando recorrentes.
Na Ásia Ocidental, mais de um terço dos países registraram péssimos desempenhos, enquanto na Europa houve uma queda notável no Estado de Direito e nas liberdades civis, embora Montenegro e Letônia tenham se destacado positivamente.
Nas Américas, a estabilidade tem sido mantida na maioria dos países, mas Guatemala, Peru e Uruguai apresentaram declínios preocupantes em relação ao Estado de Direito e às liberdades civis. Já na Ásia-Pacífico, Fiji, Maldivas e Tailândia avançaram democraticamente, enquanto Afeganistão e Myanmar viram suas democracias colapsarem.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)