Delegação dos EUA abandona Arábia Saudita após incidente com rabino
Arábia Saudita classificou o ocorrido como um "mal-entendido de protocolos internos"
Uma visita da comissão dos EUA sobre Liberdade Internacional Religiosa (USCIRF) à Arábia Saudita foi abruptamente interrompida depois que autoridades sauditas solicitaram ao presidente da comissão, rabino Abraham Cooper, a remoção de seu kipá, em Diriyah.
O incidente, que ocorreu durante um tour aprovado pelo ministério das relações exteriores saudita, levou a delegação, acompanhada por funcionários da embaixada dos EUA, a deixar o local como forma de protesto à solicitação considerada inaceitável pelo rabino Cooper.
Em resposta, a Arábia Saudita classificou o ocorrido como um “mal-entendido de protocolos internos”, conforme declarações da embaixada saudita nos EUA. A embaixadora em Washington, Reema bint Bandar Al Saud, conversou com Cooper sobre o incidente, expressando respeito pela decisão da comissão de não prosseguir com a visita, mas manifestando o interesse em recebê-los novamente.
A USCIRF, um órgão bipartidário independente do Departamento de Estado dos EUA, criticou a ação das autoridades sauditas, com o vice-presidente reverendo Frederick A. Davie destacando o ato como “surpreendente e doloroso”, contradizendo os “sinais genuínos de maior liberdade religiosa” observados pela delegação no reino.
A comissão reconheceu que a Arábia Saudita ainda tem um caminho a percorrer para alinhar suas práticas às proteções legais internacionais de liberdade religiosa.
Quem é Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, tem enfrentado diversas acusações, incluindo o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018, e é criticado por práticas de intolerância religiosa, bem como políticas que discriminam mulheres e homossexuais.
A liderança de Salman tem sido associada a ataques aéreos no Iêmen, que resultaram em mortes civis e acusações de apoio a grupos jihadistas, apesar da Arábia Saudita ser considerada aliada do Ocidente.
A Arábia Saudita, uma monarquia absolutista de população majoritariamente islâmica, proíbe a liberdade religiosa e a conversão ao cristianismo, punindo a apostasia com a morte. Cristãos no país enfrentam severas restrições, inclusive em práticas religiosas privadas, sob o risco de punições severas.
As mulheres sauditas vivem sob vigilância constante e restrições de movimento, e a comunidade LGBTQIA+ enfrenta perseguição legal, incluindo a pena de morte para atos sexuais consentidos entre pessoas do mesmo sexo.
Outras controvérsias envolvendo o príncipe incluem alegações de que ele teria impedido sua própria mãe de ver o rei Salman, que sofre de Alzheimer, para consolidar seu poder.
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