Deepfake de ex-ditador impacta pré-eleições na Indonésia: O Fantasma de Suharto
Descubra como um deepfake do ex-ditador Suharto está agitando as eleições na Indonésia.
Um antigo general do exército conhecido por governar a Indonésia autoritariamente por mais de três décadas surpreendeu a todos ao ressurgir com uma mensagem para os eleitores indonésios na véspera das próximas eleições. Mas, é claro, não se tratava de um retorno de Suharto do além-túmulo, e sim de um vídeo deepfake.
“Eu sou Suharto, o segundo presidente da Indonésia”, afirma a figura no vídeo de três minutos que acumulou mais de 4,7 milhões de visualizações no x e se espalhou pelo TikTok, Facebook e YouTube.
Um deepfake ousado e polêmico
Muito embora possa parecer convincente inicialmente, não demora muito para que os espectadores percebam que a figura majestosa exibida no vídeo não é o ex-presidente indonésio. O verdadeiro Suharto, famoso por seu eterno sorriso em contraste com sua liderança implacável, morreu em 2008, aos 86 anos.
O vídeo revelou-se um deepfake criado com o auxílio da inteligência artificial, ferramentas essas que conseguem replicar características humanas com impressionante precisão. “O vídeo foi feito para nos lembrar da importância dos nossos votos nas próximas eleições”, disse Erwin Aksa, vice-presidente do Golkar – um dos maiores e mais antigos partidos políticos da Indonésia.
Impacto nas eleições e reação do público
Trata-se de uma eleição concorrida à qual concorrem 18 partidos, na qual cerca de 200 milhões de eleitores devem marcar presença nas urnas. O Golkar, partido responsável pela criação do vídeo deepfake, não lançou seu próprio candidato à presidência, limitando-se a apoiar o favorito Prabowo Subianto, ex-general do exército durante o regime militar de Suharto e também seu ex-genro.
Inevitavelmente, a reação ao vídeo não foi unânime. Embora alguns eleitores tenham compreendido a mensagem como um incentivo ao voto consciente, outros citaram a ação como uma proposta imoral e condenável de usar a imagem e a voz de um homem morto, especialmente para fins políticos.
O papel da AI nas eleições
A Indonésia é um país com uma das maiores taxas de utilização da Internet do mundo, e quase todos os partidos políticos e candidatos mantêm uma forte presença na mídia social para reunir apoio e influência. Nesse contexto, é preocupante o potencial de uso de deepfakes e AI para manipular eleitores e distorcer a realidade.
A organização sem fins lucrativos ASESS NOW, que busca proteger os direitos digitais dos cidadãos, salienta o perigo da rápida disseminação de deepfakes. Além disso, a entidade alerta que a Indonésia ainda carece de medidas adequadas para enfrentar este fenômeno.
O “Fantasma” de Suharto
A ditadura de Suharto, que durou 32 anos, é considerada por muitos grupos de direitos humanos internacionais como um dos períodos mais corruptos e brutais na história da Indonésia. Portanto, a presença de Suharto na política indonésia, mesmo que por intermédio de um deepfake, é motivo para apreensão para aqueles que temem o retorno da ideologia autocrática que ele representava.Com ou sem deepfakes, fica claro que a tecnologia de inteligência artificial é uma arma política de dois gumes. É crucial que as nações estejam preparadas para garantir que sua utilização seja ética e que proteja a integridade do processo democrático.
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