Daniel Ortega “pede” que Cruz Vermelha deixe a Nicarágua
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou, nesta segunda-feira, 19, o encerramento de sua missão humanitária na Nicarágua, atendendo a um "pedido" do ditador Daniel Ortega.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou, nesta segunda-feira, 19, o encerramento de sua missão humanitária na Nicarágua, atendendo a um “pedido” do ditador Daniel Ortega.
A decisão foi comunicada pelo CICV em um comunicado oficial, onde afirmou que o governo da Nicarágua concedeu autorização para a operação no país em 2018. Desde então, o trabalho do comitê se concentrou em três áreas específicas:
- Assistência às vítimas de conflitos armados e violência
- Promoção do respeito ao direito internacional humanitário
- Apoio às famílias afetadas por desaparecimentos.
Apesar da saída do CICV, a organização reforçou que sua delegação regional no México e na América Central está disposta a dialogar para retomar sua missão na Nicarágua.
O encerramento da missão ocorre em um momento conturbado para o país, que enfrenta uma série de problemas políticos e sociais. Ao longo deste ano, o governo de Daniel Ortega expulsou mais de 200 cidadãos nicaraguenses, incluindo políticos, empresários, ativistas e jornalistas, alegando traição ao país.
Além disso, dezenas de organizações civis tiveram sua personalidade jurídica retirada e foram alvo de ações por parte do governo, que busca reprimir oposicionistas ao regime.
Em maio de 2021, a Assembleia Nacional da Nicarágua revogou o Decreto 357, que criou a Cruz Vermelha em 1958, e promulgou uma nova lei que estabeleceu uma entidade vinculada ao Ministério da Saúde como sucessora legal da organização.
A justificativa para a revogação do decreto foi a suposta falta de neutralidade e imparcialidade da Cruz Vermelha durante os protestos contra o governo em 2018. Com a nova lei, todos os bens da Cruz Vermelha foram confiscados pelo Estado e passaram a ser administrados pela nova entidade descentralizada ligada ao Ministério da Saúde.
Os protestos foram resultado de uma profunda polarização política e social no país. O descontentamento com o governo Ortega e sua esposa, Rosario Murillo, cresceu ao longo dos anos, culminando em uma onda massiva de manifestações.
A população exigia mudanças nas políticas governamentais, transparência e respeito aos direitos humanos. No entanto, as tensões rapidamente se intensificaram, levando a confrontos violentos entre manifestantes e forças pró-governo.
Durante os protestos, as autoridades nicaraguenses foram acusadas de reprimir brutalmente os manifestantes. Relatos de violações dos direitos humanos, como uso excessivo da força, tortura e prisões arbitrárias, foram denunciados por organismos internacionais de direitos humanos.
A situação na Nicarágua ganhou destaque mundial, com organizações como a Anistia Internacional e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenando veementemente a violência e pedindo investigações imparciais.
Por outro lado, o governo ditatorial de Ortega afirmou que os protestos eram uma tentativa de golpe promovida pelos Estados Unidos. Segundo eles, os manifestantes estavam agindo de forma violenta e desestabilizadora, colocando em risco a ordem pública do país.
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