Cuba se declara em “economia de guerra”
O Governo cubano estabelecerá uma política de preços única, “inclusiva e em igualdade de condições para todos os sujeitos da economia”, que inclui tanto o setor estatal como o não-estatal
As autoridades cubanas, não conseguindo mais disfarçar a situação, assumiram que a economia da Ilha é semelhante a “uma economia de guerra”.
O governo de Miguel Díaz-Canel recorreu a mais um novo pacote de medidas que visa promover a “estabilidade da macroeconomia” de que o país necessita, com mudanças que incluem cortes nas provisões orçamentárias, uma política única de preços e algumas regulamentações e reajustes destinados a “corrigir distorções e relançar a economia durante 2024”.
Mildrey Granadillo de la Torre, a primeira vice-ministra da Economia e Planeamento, disse que as medidas procuram ajustar o Plano e Orçamento de 2024 às condições de “economia de guerra”, termo que é frequentemente utilizado em situações extremas, e que as autoridades aplicam a um país que terminou 2023 com uma inflação de 30% no final do ano, uma economia contraída em 2% e uma desvalorização da moeda cubana de mais de 50% face ao dólar e o euro no mercado informal.
O economista cubano Pedro Monreal disse que a utilização do termo “economia de guerra” justificaria um maior controle por parte das autoridades. Segundo ele, serve para justificar o controle total porque agora “é quando mais precisamos planejar e é aí que mais precisamos exercer o controle”.
O Governo cubano estabelecerá uma política de preços única, “inclusiva e em igualdade de condições para todos os sujeitos da economia”, que inclui tanto o setor estatal como o não-estatal.
Em diversos meios de comunicação surgiu que produtos como frango, azeite, salsicha, leite em pó, massas e detergentes terão preços máximos de venda nas chamadas MPMEs, questão que aliviaria o descontentamento que muitos cubanos têm com a alta de preços destes produtos no setor privado.
As medidas, segundo críticos, poderiam não só exercer mais controle no país por parte do Estado, mas também criar descontentamento no setor estatal, caso se vejam muito limitados nos seus negócios.
Miguel Díaz-Canel disse no encontro que o país atravessa “complexidades econômicas” que impactam a entrega dos alimentos que cada família cubana recebe de forma racionada através da chamada caderneta de abastecimento, nos constantes apagões ou eletricidade com cortes de várias horas em toda a Ilha ou mesmo na inflação que hoje afeta o acesso das famílias às necessidades básicas.
O presidente insistiu que as causas desta situação estão muitas vezes “diretamente relacionadas com a burocracia e o controle ineficiente que realizamos a partir do nosso sistema institucional”.
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