Crusoé: PIB da Argentina cai 5,1% em 1º trimestre completo de Milei
Levantamento desta segunda também mostra que a taxa de desemprego subiu dois pontos percentuais e chegou a 7,7%
O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec), o IBGE argentino, divulgou, nesta segunda-feira, 24 de junho, os primeiros dados oficiais do crescimento da economia do país durante o governo de Javier Milei.
O levantamento aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,1% no primeiro trimestre de 2024 em referência ao mesmo período no ano anterior.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços consumidos em uma economia em um intervalo de tempo.
“A caída do consumo dos argentinos se explica primeiro pela inflação, que se manteve na casa dos dois dígitos até março”, diz Jorge Colina, economista-chefe do think tank Instituto para o Desenvolvimento Social Argentino (IDESA).
“Com uma inflação tão alta, as pessoas não tem dinheiro para consumir”, acrescenta.
Esta é a primeira medição do Indec feita totalmente durante a gestão Milei, que assumiu a Presidência em 10 de dezembro.
Na comparação com o trimestre anterior, o último de 2023, a economia argentina encolheu em 2,6% entre janeiro e março.
Com os dados desta segunda, o país completou um ano de trimestres seguidos de retração.
Na Argentina, assim como no Brasil e na Europa, a economia é oficialmente considerada em “recessão” já a partir do segundo trimestre seguido de queda do PIB.
E, a recessão vem se aprofundando. A contração no terceiro trimestre de 2023 foi de 0,8%, em relação ao mesmo período do ano prévio. No quarto, foi de 1,4%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou em junho que a economia argentina caia 3,5% ao longo de 2024.
O levantamento desta segunda também mostra que a taxa de desemprego subiu dois pontos percentuais em comparação ao último trimestre de 2023 e chegou a 7,7%.
“O emprego formal permaneceu estável. O que caiu foi o informal. Quando isso acontece, é porque há uma forte escassez de oportunidades laborais”, afirma Colina.
Qual é a responsabilidade de Milei?
O foco de toda a política do governo Milei ao longo de seu primeiro semestre de mandato foi o combate à inflação.
Os preços ainda seguem em alta, mas vêm desacelerando.
A inflação geral chegou a 4,2% ao mês em maio, após um pico de 25,5% em dezembro, quando Milei desvalorizou o peso para desmaquiar políticas eleitoreiras da gestão anterior.
A Casa Rosada tem combatido a inflação com ajustes nas contas públicas. Os principais são o congelamento das aposentadorias e de outros gastos sociais, além do corte de repasses às províncias e cancelamento de projetos de infraestrutura.
Essas medidas contribuem ao encolhimento da economia.
“Os cortes nos investimentos públicos em infraestrutura foram um fator importante na queda do PIB”, diz Colina.
Eles puxaram os 23% de queda dos investimentos em todas as áreas em relação ao primeiro trimestre de 2023. A estimativa inclui o setor privado também.
O que sentem os argentinos?
Na Argentina, além do PIB, há um outro medidor peculiar do crescimento da economia: o consumo de carne bovina.
Historicamente, os argentinos estão entre os maiores consumidores de carne bovina do mundo.
Em média, cada argentino consumiu o equivalente a 42,6 quilos por ano. Em comparação, no Brasil, o número beira os 40 quilos por ano.
A estimativa sobre o consumo de carne sempre acompanha a evolução da economia argentina desde o início do século 20, pelo menos.
No primeiro trimestre de 2024, o consumo de carne bovina caiu em 17,6%, em comparação ao mesmo período no ano anterior. Os dados são da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados.
Essa é a maior queda desde a hiperinflação da virada dos anos 1980 para 1990.
A estimativa da câmara comercial é uma média, não necessariamente a realidade em todos os casos.
Ruben Quiroga trabalha sozinho em seu açougue, no bairro de Almagro, na cidade de Buenos Aires.
Ele afirma que as vendas caíram 40% ao longo do primeiro trimestre de 2024.
“E as vendas não melhoraram no segundo trimestre”, diz Quiroga, em referência ao período entre abril e junho. Os dados do PIB do segundo trimestre de 2024 sairão em setembro.
Qual é a perspectiva para os próximos meses?
No início de junho,…
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