Crusoé: “Democrata” Lula quer Venezuela no Mercosul “rapidamente”
Durante declaração na Bolívia, petista agradeceu entrada do país no bloco — e disse esperar que Caracas tenha eleições limpas para poder voltar ao grupo
Lula voltou a insinuar que pedirá o retorno da Venezuela ao Mercosul. O governo de Caracas, que entrou no bloco à força pelos governos de esquerda nos anos 2000, está suspenso desde 2016, quando os países do bloco impediram que a ditadura de Nicolás Maduro assumisse a presidência temporária.
Agora o petista tenta, novamente, negociar o retorno de Maduro. Em uma declaração à imprensa nesta terça-feira, 9, na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, Lula parabenizou o país e o presidente Luis Arce pela entrada no bloco. Essa, no entanto, não é a única adesão que ele espera no curto prazo.
“Esperamos também poder receber logo e muito rapidamente de volta a Venezuela”, disse o petista. “A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Por isso, fazemos votos de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos.”
Farsa eleitoral
O ditador venezuelano marcou as “eleições” de seu país para 28 de julho. O processo eleitoral, em aspas, não segue quase nenhuma regra democrática: os órgãos do governo ditatorial definiram quais candidatos podem concorrer (e quais ficaram de fora). No primeiro dia da campanha eleitoral, já houve detenções de apoiadores da oposição, assim como a apreensão de carros de som das campanhas contra Maduro.
O governo brasileiro tentou costurar um acordo para que Maduro reconhecesse o resultado das eleições em caso de derrota, o que parece ser impossível. Tanto que Lula agora não mais fala em eleições “limpas”, mas sim “tranquilas”.
A Venezuela entrou à fórceps no Mercosul durante a onda de governos de esquerda na América do Sul, nos anos 2000. Pressionado por Lula e pelo então presidente argentino Nestor Kirchner, a entrada de Caracas no bloco foi bastante acelerada: em menos de sete meses, o país já era um membro associado. Sua entrada ainda levaria anos, em parte pela resistência dos parlamentos do Brasil e do Paraguai em autorizar sua entrada.
Siga a leitura em Crusoé. Assine e apoie o jornalismo vigilante.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)