Crise na Argentina afeta tratamentos médicos
Na Argentina, o desabastecimento de produtos importados ou que dependem de peças externas tem se tornado uma preocupação cada vez maior. Supermercados têm apresentado prateleiras com menos variedades, enquanto concessionárias alertam para a falta de previsão de entrada de novos automóveis no curto prazo...
Na Argentina, o desabastecimento de produtos importados ou que dependem de peças externas tem se tornado uma preocupação cada vez maior. Supermercados têm apresentado prateleiras com menos variedades, enquanto concessionárias alertam para a falta de previsão de entrada de novos automóveis no curto prazo.
Além disso, segundo reportagem do Estadão, entidades hospitalares já afirmaram que cirurgias e tratamentos podem ser cancelados por falta de equipamentos básicos.
Desde o início do ano, entidades empresariais e grupos de saúde têm emitido alertas sobre a situação da crise econômica, mas a recente desvalorização da moeda e a escassez cada vez maior de dólares tornam as ausências de produtos ainda mais evidentes. O medo é que a produção industrial do país seja completamente paralisada.
No mês de agosto, o governo, buscando manter-se no poder através da candidatura de Sergio Massa à presidência, negou qualquer risco iminente de desabastecimento de produtos médicos após associações que lidam com tratamento de diálise alertarem sobre a dificuldade em adquirir insumos essenciais. No entanto, os comunicados de alerta continuam chegando, vindos dos mais diversos setores.
Os supermercados têm sentido cada vez mais a falta de variedade de produtos, principalmente alimentos importados do Brasil. Juan Carlos Rosiello, professor de Economia da Universidade Católica Argentina (UCA), observa que o mesmo ocorre com os carros, já que muitos são comprados do Brasil e não estão mais entrando no país.
O problema mais angustiante é a escassez de medicamentos, inclusive para doenças que requerem tratamentos complexos. Embora a falta de automóveis seja menos grave do que a falta de medicamentos, e embora a produção interna de alimentos continue garantida, essa situação mostra que a Argentina não está desfrutando de um comércio livre, completa Rosiello.
As atuais restrições regulatórias e cambiais estão impedindo o abastecimento regular do sistema de saúde, o que poderá afetar a qualquer momento a realização de análises clínicas, bem como levar à suspensão de intervenções como transplantes e cirurgias.
Entidades químicas também alertaram para a falta de insumos que impactariam desde a produção de alimentos até antibióticos.
No dia 19 de setembro, a União Industrial Argentina emitiu um alerta informando que as dificuldades para acessar divisas estão impactando as compras de serviços essenciais para o funcionamento das indústrias, como licenças de software, hardware e serviços de armazenamento em nuvem.
As entidades empresariais afirmam que o problema não se resume à falta de dólares para pagar os parceiros comerciais, mas também às barreiras de importação impostas pelo governo e à constante oscilação dos preços devido à inflação.
A solução para esse desequilíbrio passaria por mais desvalorizações do peso argentino para corrigir a distorção cambial entre o dólar oficial e os diversos tipos de dólar existentes. No entanto, essa ação tem custos políticos elevados para o ministro-candidato Sergio Massa, que já afirmou que não tomará essa medida antes das eleições.
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