Covid-19, o aniversário e o plano do diabo Covid-19, o aniversário e o plano do diabo
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Covid-19, o aniversário e o plano do diabo

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7 minutos de leitura 17.11.2020 17:31 comentários
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Covid-19, o aniversário e o plano do diabo

Há exatamente um ano, em 17 de novembro de 2019, a China registrou o primeiro caso de Covid-19, então uma doença completamente desconhecida. Ou seja, antes de 8 dezembro, a data fornecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O paciente zero, na cidade de Wuhan, berço da pandemia, foi um homem de 55 anos, que se curou. Pode ser que tenham ocorrido outras infecções antes, que passaram despercebidas pelas autoridades sanitárias. De qualquer forma, essa é a data a que o governo chinês chegou, depois de empreender longa investigação, segundo divulgou o jornal South China Morning Post...

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Covid-19, o aniversário e o plano do diabo
Imagem: Gerd Altman/Pixabay

Há exatamente um ano, em 17 de novembro de 2019, a China registrou o primeiro caso de Covid-19, então uma doença completamente desconhecida. Ou seja, antes de 8 dezembro, a data fornecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O paciente zero, na cidade de Wuhan, berço da pandemia, foi um homem de 55 anos, que se curou. Pode ser que tenham ocorrido outras infecções antes, que passaram despercebidas pelas autoridades sanitárias. De qualquer forma, essa é a data a que o governo chinês chegou, depois de empreender longa investigação, segundo divulgou o jornal South China Morning Post.

A China tentou esconder a doença, dentro do receituário dos regimes autoritários de esquerda ou direita, mas o vírus se mostrou bastante subversivo. Os Estados Unidos disseram que isso ocorreu porque os chineses tentaram esconder que o vírus escapou de um laboratório de pesquisas em Wuhan — uma afirmação sem provas. Também apontaram o dedo para OMS, acusando a organização de conluio com a China. E Donald Trump até atribuiu nacionalidade ao agente patogênico, chamando-o de “vírus chinês”. Do lado europeu, as críticas à conduta de Pequim também foram vigorosas, embora muito menos estridentes.

Esse sumário é para tentar entender a origem das teorias conspiratórias segundo as quais o vírus é um experimento de guerra biológica perpetrado pela China. Que ele foi produzido de propósito para contaminar o Ocidente. A única conclusão evidente é que, se o governo chinês houvesse tratado o aparecimento do vírus da Covid-19 com transparência, alertando o mundo para a necessidade imediata de adoção de medidas de restrição de circulação de pessoas e mercadorias, o mundo teria tido a chance de evitar uma pandemia das atuais proporções — e os paranoicos não teriam discurso. Quanto à OMS, outro alvo das teorias conspiratórias, é inegável que a organização falhou ao engolir as primeiras versões chinesas sobre o vírus estar sob controle, minimizar inicialmente a gravidade do problema e emitir recomendações de prevenção contraditórias quando não completamente estúpidas — como a que dizia não ser necessário o uso de máscaras. Não é preciso ter Nobel de Medicina para concluir que acessório é necessário no caso de vírus que causam problemas pulmonares. Basta ver as fotos das diversas epidemias de gripe no século XX e da SARS, no início dos anos 2000.

Até hoje, a OMS tem se demonstrado muito pouco efetiva. Depois que Estados Unidos e Europa a pressionaram, a entidade organizou uma missão internacional para fazer uma “investigação independente” em território chinês, a fim de estabelecer exatamente onde e como o vírus começou a infectar seres humanos. Foi a partir do famoso mercado de animais vivos de Wuhan ou faz sentido a história de que tudo é resultado de uma falha de segurança no laboratório de pesquisas? Aliás, Pequim saiu-se com uma terceira versão mais apropriada a seus interesses, de acordo com o jornal italiano La Repubblica: a de que o vírus entrou na China por meio de alimentos congelados importados pelo país. Parece mais falso do que propaganda eleitoral de político nacional, mas explica a difusão das notícias de que carne brasileira comprada por Pequim estaria contaminada. Seja como for, a missão da OMS para fazer a tal “investigação independente”, anunciada em maio, ainda não desembarcou por lá — e, segundo o New York Times, o inquérito sanitário em Wuhan, especificamente, onde foram registrados os primeiros casos de Covid-19, será conduzido exclusivamente por chineses. A contínua tentativa da China de esconder o que precisaria ser colocado à luz do sol está na base das teorias conspiratórias, não há dúvida, e ainda as alimentará mais.

A explicação para as teorias de complô da China contra o Ocidente não as justifica no conteúdo. É provável que a disseminação do vírus tenha sido causada pelo fato de chineses apreciarem carne de bichos que não deveriam comer ou até mesmo por uma tremenda mancada no laboratório de Wuhan. Mas já está provado que o vírus da Covid-19 tem origem natural e não foi fabricado pelo homem. A sua estrutura foi objeto de escrutínio científico minucioso, em diferentes países. Também é simplesmente tolo imaginar que a China tenha interesse em arruinar economicamente o Ocidente, o maior importador dos seus produtos, e fazer isso contaminando em primeiro lugar as suas próprias cidades, inclusive a capital do país. Seria burro. O dinheiro que o país está ganhando com a exportação de máscaras, respiradores e equipamentos de segurança médicos não é o que fez a sua economia recuperar-se mais rapidamente. O motivo foi o consumo interno que voltou a crescer, depois dos lockdowns rigorosos impostos pelo governo — e o aumento do consumo interno chinês é sempre boa notícia para o Ocidente exportador.

Sei que os adeptos de teorias conspiratórias não vão aceitar a verdade, mas fazer o quê? A paranoia lhes é própria e incancelável. Mas eu vou dizer a verdade: a primeira parte dela é que a China esconde todo e qualquer problema porque os seus dirigentes acham que transparência é sintoma de fraqueza, quando é exatamente o contrário. E a segunda parte é que seria absolutamente incongruente que governos ocidentais mais à esquerda tivessem interesse em fazer confinamentos nos seus países, para eliminar a direita e destruir o capitalismo. Esquerdistas gostam de impostos e, com a economia parada, eles deixam de arrecadá-los de maneira suficiente a saciar os seus imensos apetites fiscais.

A você que vai me xingar na área de comentários, inclusive porque todo mundo sabe que O Antagonista está a soldo de João Doria, o comprador da “vachina”, aquela outra arma com a qual Pequim pretende dizimar parte da população do planeta, inclusive a da própria China, recomendo radicalizar ainda mais a sua teoria conspiratória. O padre italiano Livio Faganza, noticia o La Repubblica, mostra o caminho. Ele disse o seguinte numa rádio católica:

“Essa epidemia é um projeto que sempre atribuí ao demônio, que age por meio de mentes criminosas. Eles o realizaram com um objetivo preciso: criar uma passagem repentina, depois da preparação ideológica, política e midiática, para um golpe de estado sanitário e midiático (…) É um projeto destinado a enfraquecer a humanidade, colocá-la de joelhos, instaurar uma ditadura sanitária e cibernética, criando um mundo novo que não é mais de Deus Criador, através da eliminação de todos aqueles que não dizem sim a esse projeto criminoso levado adiante pelas elites mundiais, com a cumplicidade talvez de algum estado. O objetivo é o de construir um mundo novo sem Deus. O mundo de Satanás, onde seríamos todos zumbis. É um projeto, não algo casual. Queriam realizá-lo em 2021, na minha opinião.” A eleição de Joe Biden para presidente dos Estados seria “a cereja do bolo”, ele afirma.

Reconheça, leitor conspiratório, que Livio Faganza não deixou uma ponta solta na sua teoria que é presente de aniversário para o vírus da Covid-19. Tem até o diabo que o carregue.

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