Coreia do Sul enfrenta alerta de deepfake
Com foco em deepfakes e grupos de chat nocivos, o apelo à ação visa uma cultura de mídia mais saudável, mas soluções abrangentes são necessárias.
A Coreia do Sul está enfrentando uma crescente crise de crimes sexuais digitais, causando alarme entre autoridades, jornalistas e usuários de redes sociais. A situação se tornou tão grave que o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, pediu medidas urgentes para “erradicar” essa epidemia, com um foco específico em um aumento alarmante de pornografia deepfake, direcionada principalmente a jovens mulheres.
Recentemente, descobriu-se um grande número de grupos de chat onde membros criavam e compartilhavam imagens sexualmente explícitas falsas – incluindo algumas de meninas menores de idade. Essas deepfakes são geradas por inteligência artificial, combinando o rosto de uma pessoa real com um corpo falso, exacerbando o problema já severo de crimes sexuais digitais no país.
Grupos de Chat e Deepfake: A Nova Ameaça
Nos últimos dias, descobertas revelaram a existência de diversos grupos de chat no aplicativo de mensagens Telegram, onde adolescentes, principalmente estudantes, faziam upload de fotos de colegas e professores para criar imagens deepfake sexualmente explícitas. O presidente Yoon instruiu as autoridades a “investigar minuciosamente e abordar esses crimes sexuais digitais para erradicá-los”.
Segundo Yoon, “os vídeos deepfake, visando um número indefinido de pessoas, estão circulando rapidamente nas redes sociais. As vítimas geralmente são menores de idade e os perpetradores, na maioria das vezes, adolescentes”.
Por que os Adolescentes São os Principais Responsáveis?
Os números indicam um crescimento preocupante nos crimes digitais cometidos por adolescentes. Ao longo dos últimos três anos, mais de dois terços dos delitos foram cometidos por jovens. Em 2024, a polícia sul-coreana relatou 297 casos de crimes sexuais deepfake nos primeiros sete meses, um aumento significativo em comparação com 180 casos no total do ano anterior.
Para a ativista de direitos das mulheres e ex-líder do Partido Democrático, Park Ji-hyun, a situação é uma “emergência nacional”. Ela destacou que “os materiais de abuso sexual deepfake podem ser criados em apenas um minuto e qualquer pessoa pode entrar no chatroom sem qualquer processo de verificação.”
O Que está Sendo Feito para Combater os Crimes Sexuais Digitais na Coreia do Sul?
A Coreia do Sul tem um histórico sombrio de crimes sexuais digitais, com incidentes famosos como o escândalo “nth-room” em 2019, onde homens usaram um chatroom para chantagear mulheres a realizarem atos sexuais. O líder do grupo, Cho Ju-bin, recebeu uma sentença de 42 anos de prisão.
- O governo está pressionando por uma investigação completa e ações rigorosas contra os responsáveis.
- Educação sobre o uso responsável da tecnologia entre jovens está sendo destacada como uma solução a longo prazo.
- A Autoridade Reguladora de Mídia da Coreia está realizando reuniões de emergência para discutir a crise.
No entanto, críticos do governo questionam sua capacidade de lidar de maneira eficaz com essas questões. A ativista dos direitos das mulheres Bae Bok-joo afirmou: “Não acredito que este governo, que desconsidera a discriminação de gênero estrutural como meras ‘disputas pessoais’, possa lidar adequadamente com essas questões.”
Medidas Adicionais Necessárias para Resolver a Crise
A criação de uma “cultura de mídia saudável” foi enfatizada pelo presidente Yoon. Ele argumenta que muitos jovens homens não compreendem a gravidade de criar deepfakes, vendo isso apenas como uma brincadeira. Contudo, Yoon sublinhou: “Embora muitas vezes seja rejeitado como ‘apenas uma brincadeira,’ é claramente um ato criminoso que explora a tecnologia para se esconder atrás do anonimato.”
Esse apelo à ação é um passo importante, mas sozinho não será suficiente. A combinação de melhores leis, maior conscientização pública e apoio às vítimas é crucial para erradicar esta forma de abuso. A atuação coordenada entre diversas esferas da sociedade, incluindo escolas, famílias e instituições governamentais, é vital para enfrentar e vencer essa batalha contra os crimes sexuais digitais na Coreia do Sul.
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