Como o fracasso de Carter abriu caminho para Reagan
Humilhação no Irã e instabilidade doméstica levaram à era conservadora nos EUA
Jimmy Carter, que morreu aos 100 anos neste domingo, 29, não será lembrado apenas por sua dedicação a causas humanitárias após deixar a Casa Branca. Sua presidência (1977-1981) foi marcada por eventos que expuseram fraquezas estruturais e políticas dos Estados Unidos.
Seu mandato não apenas enfrentou turbulências, mas se tornou o catalisador para a ascensão de Ronald Reagan, um líder que redesenhou o cenário político americano.
Carter chegou ao poder em um momento de insatisfação pública após o escândalo Watergate, prometendo uma nova era de ética e competência.
No entanto, sua administração foi marcada por decisões que reforçaram uma imagem de fragilidade. Internacionalmente, o episódio mais devastador foi a crise dos reféns no Irã: em 1979, terroristas iranianos invadiram a embaixada dos EUA em Teerã, capturando 52 americanos por 444 dias.
A tentativa fracassada de resgate em 1980, que resultou em mortes de militares americanos, destacou a incapacidade do governo de responder de forma decisiva.
No plano doméstico, Carter enfrentou inflação descontrolada, crescimento econômico estagnado e uma crise energética que gerou cenas emblemáticas de filas em postos de gasolina.
Sua resposta, um discurso televisionado apelando ao “sacrifício coletivo”, não trouxe soluções concretas e foi recebido com ceticismo. A combinação de instabilidade econômica e política enfraqueceu ainda mais sua posição, levando-o a enfrentar uma rara disputa interna de seu partido com o senador Ted Kennedy nas primárias de 1980.
A fraqueza demonstrada por Carter foi o combustível para a campanha de Ronald Reagan, que se posicionou como a antítese do presidente em exercício. Com uma mensagem de força, otimismo e recuperação econômica, Reagan venceu as eleições de 1980 com 44 estados, iniciando uma era de conservadorismo que dominaria os anos seguintes.
A transição de Carter para Reagan não foi apenas uma troca de líderes, mas um divisor de águas político nos Estados Unidos, onde as falhas de um presidente abriram espaço para um movimento que reconfiguraria o país.
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