Como funciona as regras de convivência no Japão
Manuais de convivência de diversas instituições educativas colombianas, com informações sobre os direitos e deveres dos estudantes, padres, professores e outros membros da comunidade educativa.
No Japão, é comum encontrar manuais detalhados para praticamente todas as atividades diárias, desde o uso de escadas rolantes até o atendimento ao cliente e a operação de equipamentos complexos. Essa prática está enraizada na escrituralidade do povo japonês, que valoriza a transmissão do conhecimento de forma escrita.
Daisuke Onuki, professor do Departamento de Estudos Internacionais da Universidade Tokai, explica que essa característica contrasta com a oralidade predominante na cultura brasileira. Segundo ele, os japoneses começaram a ser alfabetizados no período Edo (1603 a 1868), o que moldou profundamente a importância dos manuais na sociedade japonesa.
Manuais Técnicos no Japão
No Japão, a criação e o uso de manuais técnicos são fundamentais. Desde a infância, os japoneses são apresentados a um sistema de regras escritas que eles devem seguir à risca. Essas regras começam com a ordem e a contagem dos traços dos ideogramas (kanji) e se estendem a praticamente todas as facetas da vida adulta.
Por exemplo, manuais internos nas empresas japonesas cobrem desde a etiqueta empresarial até procedimentos operacionais detalhados. Ryo Nakayama, autor de Chefe, você quer nos transformar em robôs?, defende que os manuais são ferramentas essenciais para o desenvolvimento dos recursos humanos e não para criar “robôs”. Ele acredita que a falta de manuais pode diminuir a produtividade e aumentar o estresse devido a mal-entendidos.
Por Que os Japoneses Confiam Tanto nos Manuais?
De acordo com Onuki, a confiança dos japoneses nos manuais tem muito a ver com a sua história. A origem da cultura de manuais no Japão é frequentemente atribuída ao método científico de gestão criado por Frederick Winslow Taylor no final do século 19. Esse método foi introduzido no Japão pela rede de fast food McDonald’s em 1971, que implementou manuais detalhados para padronizar o atendimento ao cliente e os processos operacionais.
Kazue Matsushita, especialista em recursos humanos, aponta que os manuais são vistos como uma maneira de garantir respeito e eficácia no ambiente de trabalho. Ela acredita que compreender e seguir fielmente as regras é crucial para o sucesso profissional no Japão.
Quais são os Desafios para os Estrangeiros no Japão?
Para os estrangeiros, adaptar-se à cultura dos manuais no Japão pode ser um desafio. Kazue Matsushita observa que muitas vezes os manuais contêm informações que são óbvias para os japoneses, mas difíceis de entender para quem vem de fora. A sua experiência mostra que a compreensão dessas regras é essencial para a integração e o sucesso profissional no país.
Manuais e Convivência Social no Japão
Os manuais não são apenas vitais em ambientes de trabalho, mas também na convivência social. Nilton Funabashi, residente na cidade de Iida, na Província de Nagano, enfatiza que a disciplina e a qualidade dos produtos são mantidas graças às regras rigorosas seguidas nos manuais.
Além disso, questões como o descarte correto do lixo e a redução do barulho são reguladas por manuais detalhados, que visam minimizar conflitos entre moradores. A utilização adequada de sacos plásticos e o respeito aos dias específicos de coleta, por exemplo, são aspectos cruciais da vida diária no Japão.
Como os Estrangeiros Podem Se Adaptar Melhor?
- Estude e compreenda as regras locais.
- Siga os manuais à risca para evitar conflitos.
- Procure apoio de outros estrangeiros que já se adaptaram.
- Esteja aberto a aprender e respeitar a cultura local.
Para os estrangeiros que se mudam para o Japão, é essencial ter paciência e estar disposto a aprender. Nilton Funabashi menciona que, além de seguir os manuais, entender os fundamentos por trás deles é importante para se integrar e eventualmente sugerir melhorias.
Em resumo, a cultura dos manuais no Japão é um reflexo da sua história e da sua valorização da ordem e da padronização. Para os estrangeiros, adaptar-se a essa cultura pode ser desafiador, mas é essencial para um convívio harmonioso no país.
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