Como esquerdistas woke se tornaram líderes de torcida do Irã
"O conjunto ativista está tão cego pelo ódio a Israel que está até preparado para fechar os olhos à crucificação de gays”, escreveu Brendan O’Neill, em artigo na revista Spiked
O mais recente artigo de Brendan O’Neill, publicado em 16 de abril na revista Spiked, expõe a intolerância anti-Israel por trás do falso pacifismo da maioria dos grupos pró-Palestina que militam pelo cessar-fogo em Gaza:
“Com que rapidez o lobby do ´Cessar-Fogo Agora!´ se transformou em um fomentador de guerra espumantes. Assim que o Irã começou o seu bombardeamento criminoso contra Israel, estes falsos pacifistas começaram a saltar para cima e para baixo de alegria. Esta é a ´verdadeira solidariedade´, disse um grupo “pró-Palestina”, em resposta à chuva de mísseis do Irã sobre o Estado Judeu”, escreveu O´Neill, para quem, “não é um cessar-fogo que os wokes ocidentais desejam – é a humilhação e a domesticação da nação judaica”.
O artigo comenta o ataque do Irã contra Israel, realizado na forma de disparo de centenas de mísseis de cruzeiro e drones, na noite de sábado, 13 de abril sem minimizar a seriedade do ato de guerra pelo fato de Israel, com a ajuda da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos e da Jordânia ter tido êxito em interceptar todo o fogo inimigo: “Esta é a primeira vez que o Irã ataca Israel diretamente. Normalmente, os tiranos teocráticos cumprem as suas ordens israelofóbicas através de representantes: o Hamas, o Hezbollah, os Houthis. O fato de Teerã ter agora virado a sua própria máquina de guerra na direção de Israel é profundamente preocupante”.
A interpretação da esquerda política radical, porém, é diferente. Aquelas pessoas que têm obstruído as ruas das maiores metrópoles do mundo, nos últimos seis meses, gritando ‘Cessar-fogo´, deram desculpas covardes para o ataque do Irã:
“Um membro do Comité Internacional dos Socialistas Democráticos da América chegou ao ponto de oferecer ´total solidariedade ao Irã enquanto este retalia contra a entidade sionista´”, comentou O’Neill. “Asa Winstanley, o excêntrico que dirige a Intifada Electrônica, descreveu o ataque do Irã como uma ´intervenção humanitária´, o Movimento da Juventude Palestina elogiou o Irã por ousar ´tomar medidas para pôr fim ao genocídio [sic]´. A Aliança de Solidariedade Palestina no Hunter College, na cidade de Nova Iorque, ofereceu ´solidariedade´ ao Irã. Um professor da Universidade Estatal da Califórnia disse que ´o Irã fez o que todos os árabes não conseguiram fazer.´”
Aqui no Brasil também tivemos a nossa cota de cumplicidade com o Irã. O apoio covarde à teocracia opressora veio não apenas de partidos nanicos ou grupos radicais, mas também do próprio governo brasileiro, que se manifestou através do Itamaraty com uma nota espúria e ambígua que sequer condenava o Irã ou se dignava a chamar o ato de guerra de ataque. Mas voltemos ao texto de Brendan O’Neill.
Segundo o articulista, “a simpatia para com o Irã está se espalhando como uma varíola através das redes sociais. Parte disso vem dos revolucionários de brinquedo (toytown revolutionaries) da Geração Z, o tipo de pessoa que tem a bandeira do Orgulho (Pride flag) em suas biografias e acha que os homens podem amamentar. Parecem suicidamente inconscientes de que o Irã também os odeia.
“Na verdade, continua O’Neill, nos últimos meses, radicais privilegiados têm gritado em apoio aos Houthis, apoiados pelo Irã, no Iémen – um movimento que executou recentemente 13 estudantes por ´disseminar a homossexualidade´. Sete foram apedrejados até a morte, dois foram crucificados. O conjunto ativista está tão cego pelo ódio a Israel que está até preparado para fechar os olhos à crucificação de gays”.
O artigo critica ainda as vozes “mais moderadas” que, embora não tenha celebrado o ataque do Irã, culpabilizaram Israel: “A culpabilização da vítima aqui é repulsiva. O Irã dispara centenas de mísseis contra Israel que, se não tivessem sido interceptados, teriam matado e mutilado um número incontável de pessoas, na sua maioria judeus, e a culpa é do Estado Judeu?”, Escreve o articulista político britânico, que prossegue refutando o argumento de que Israel teria atacado primeiro o Irã:
“O argumento apresentado pelos acusadores de Israel é que Israel atacou primeiro o Irã, com o bombardeamento de um complexo iraniano em Damasco no início deste mês. Sete altos funcionários iranianos foram mortos nesse ataque, incluindo Mohammad Reza Zahedi, uma figura importante da Guarda Revolucionária do Irã. Então Israel começou, dizem. A tempestade de mísseis do Irã no sábado teria sido uma mera ´retaliação´ pelo bombardeamento de Israel em Damasco. Até os principais meios de comunicação descrevem o ataque do Irã como um ´ataque de retaliação´. A impressão que nos resta é que o imprudente Israel, empenhado na desestabilização regional, mirou numa república islâmica que estava apenas cuidando da sua própria vida. Isso, para ser franco, é uma mentira. E é uma mentira que poderá ter consequências devastadoras para o povo do Oriente Médio”.
Na análise de Brendan O’Neill faria mais sentido dizer que o ataque de Israel em Damasco já teria sido uma retaliação. O Irã já havia declarado guerra a Israel:
“A verdade é que o Irã vem sitiando violentamente Israel há décadas. Através dos seus representantes, massacrou milhares de israelenses. O pogrom fascista de 7 de Outubro foi obra sangrenta de um exército antissemita apoiado pelo Irã. Duas outras milícias apoiadas pelo Irã – o Hezbollah e os Houthis – dispararam centenas de mísseis contra Israel desde 7 de Outubro. A ideia de que o bombardeamento de militares iranianos em Damasco por Israel veio do nada como uma estratégia astuta para arrastar o pobrezinho Irã para uma guerra é uma inversão grotesca da realidade. O Irã já havia declarado guerra a Israel. E deixou claro o seu desejo de destruir Israel, sem timidez: ´Morte a Israel!´, gritam os iranianos em reuniões patrocinadas pelo regime. As mesmas palavras estão estampadas na bandeira do movimento Houthis que faz o trabalho sujo do Irã no Iémen.”
A conclusão do artigo vai no sentido de mostrar o paradoxo da geração woke identitária que se diz anti-imperialista, mas defende o imperialismo de uma tirania teocrática como o Irã:
“O facto de a esquerda ocidental culpar Israel por tudo e a sua absolver implicitamente o Irã, é sombriamente revelador. […] Isto é identitarismo, não anti-imperialismo. Uma nova geração de radicais educados na ideologia regressiva que diz que as pessoas ´brancas´ são poderosas e as pessoas ´pardas´ são oprimidas só pode compreender o Oriente Médio também nestes termos. O resultado final é que demonizam Israel e infantilizam o Irã. O Estado Judeu passa a ser visto como singularmente malévolo, enquanto o Irã é tratado como uma espécie de criança de olhos arregalados que não pode deixar de atacar o seu opressor ´sionista´.
Israel é condenado como um Estado criminoso, enquanto os crimes do Irã contra a humanidade são minimizados. É a isso, então, que o wokismo leva: à simpatia por um dos Estados mais atrasados e repressivos da Terra, com base na base perturbada noção de que os seus ataques criminosos contra Israel representam um golpe contra o próprio Ocidente arrogante.
Ao encorajar os nossos jovens a odiar as suas próprias sociedades, tornamo-los alimento moral para uma sociedade muito pior.”
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