Cientistas descobrem DNA da Peste entre os primeiros agricultores
Descoberta de DNA da peste em dentes antigos revela impactos da doença nos primeiros agricultores europeus e sua migração há milhares de anos.
O mistério sobre o declínio dos primeiros agricultores na Europa pode ter sido parcialmente desvendado por estudos genéticos. Um novo trabalho científico, divulgando na “Nature”, trouxe à luz informações sobre a peste que assolava habitantes entre 5.300 e 4.900 anos atrás. Frederik Seersholm, pesquisador associado ao Centro GeoGenetics, liderou a análise de DNA de antigos indivíduos transportando indícios desta devastadora doença.
Os resultados indicam uma presença preocupantemente frequente da Yersinia pestis, a bactéria causadora da peste, onde 17% dos indivíduos estudados continham o patógeno. Este dado reforça a hipótese de que a peste pode ter exercido um papel significativo no colapso populacional ocorrido naquela época.
O que a análise do DNA antigo revela sobre a peste?
Seersholm e sua equipe analisaram restos encontrados em múltiplos sítios da Suécia e Dinamarca, descobrindo não apenas a presença da bactéria, mas várias de suas cepas ao longo de várias gerações. Surpreendentemente, as amostras apontaram para múltiplos eventos de infecção, desafiando a ideia de um surto único e devastador.
Por que a peste não dizimou imediatamente essas populações?
Investigações adicionais ofereceram pistas sobre a virulência do patógeno. Alterações genéticas na Yersinia pestis, ao longo do tempo, podem ter elevado sua letalidade. “Estamos vendo mudanças no genoma que poderiam explicar um aumento de virulência. Mesmo assim, é um desafio reproduzir essas condições e confirmar nossa hipótese,” explicou Seersholm.
Impacto da peste na sociedade neolítica da Escandinávia
Além de revelações sobre o patógeno, o estudo também levanta questões sobre o modo de transmissão da doença. Tudo indica que, ao contrário da peste bubônica, que se alastrou via pulgas de roedores na Idade Média, esta forma antiga de peste possivelmente se propagava entre humanos. Essa característica sugere um padrão de contágio direto, que, aliado a outros fatores, como práticas agrícolas ineficazes ou mudanças climáticas, poderia ajudar a explicar o declínio populacional observado.
Por fim, o estudo nos faz refletir sobre como uma única doença pode influenciar e moldar o curso da história humana, assim como as sociedades respondem e se adaptam a desafios. Relacionar esses fatos do passado com o presente pode nos fornecer insights valiosos para enfrentar ameaças futuras de forma mais eficaz.
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