Ciência moderna: A teoria da simulação em debate
Explore a controversa teoria de que a nossa realidade pode ser uma simulação.
A equipe de cientistas, liderada por Farbod Khoshnoud da Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, em Pomona (CalPoly), está na vanguarda de uma teoria controversa. Segundo essa hipótese, o universo poderia funcionar como um videogame, gerando uma realidade “sob demanda” para observadores conscientes. Isso tem intrigado tanto físicos quanto filósofos há décadas.
Essa ideia ganhou popularidade com o filme “Matrix”, de 1999, e se fundamenta numa interpretação não convencional da mecânica quântica, especialmente no famoso experimento da dupla fenda. Quando a luz é disparada através de duas fendas, observa-se um padrão de interferência, indicando que a luz age como uma onda. No entanto, ao observar a luz com detectores, esse padrão desaparece, sugerindo que a própria observação afeta o comportamento das partículas.
Experimento da dupla fenda e sua interpretação
O experimento da dupla fenda tem sido uma ferramenta vital no estudo da mecânica quântica. Campbell e sua equipe sugerem que a realidade só é “renderizada” no momento da observação, da mesma forma que um jogo de computador só gera as partes do mundo virtual que o jogador está vendo na medida em que ele joga. Essa interpretação fascinante abre uma nova perspectiva sobre a natureza da nossa realidade.
Como a teoria da simulação pode ser testada?
A equipe desenvolveu uma série de experimentos descritos no artigo “On testing the simulation theory”, publicado em 2017 no The International Journal of Quantum Foundations. Eles apresentaram duas estratégias principais para testar a teoria da simulação:
- Testar o momento da renderização.
- Explorar requisitos conflitantes de preservação de consistência lógica e prevenção de detecção para forçar o mecanismo de renderização de RV a criar descontinuidades.
Nos experimentos, os cientistas propõem armazenar dados sobre a trajetória das partículas e os padrões que elas formam em pendrives separados e, em seguida, destruir aleatoriamente alguns deles antes que alguém veja os resultados. Se os padrões de interferência só aparecerem quando os dados da trajetória correspondente tiverem sido destruídos, isso poderia indicar que a realidade está sendo gerada no momento da observação.
Quem mais está explorando essa teoria da simulação?
A teoria da simulação de Campbell difere do conceito de “simulação ancestral” proposto pelo filósofo Nick Bostrom, da Universidade de Oxford. Campbell considera a consciência como um elemento essencial da realidade, e não como resultado da simulação. Se todos os cinco experimentos funcionarem como esperado, eles poderiam desafiar a compreensão convencional da realidade e revelar conexões profundas entre a consciência e o cosmos.
Muitos físicos, no entanto, acreditam que há explicações mais plausíveis para os fenômenos quânticos que não exigem a suposição de que a realidade humana seja uma simulação. Melvin Vopson, da Universidade de Portsmouth, explorou a possibilidade de uma nova lei da física que poderia sustentar essa teoria, sugerindo que a realidade poderia ser composta principalmente de unidades de informação, semelhantes a bits.
Quais são as implicações dessa teoria? Vale a pena investigar?
Embora essa teoria seja altamente especulativa e controvérsia, ela tem capturado a imaginação de cientistas e do público. Para financiar esses experimentos, Campbell criou uma organização sem fins lucrativos, o Centro para a Unificação da Ciência e da Consciência (Cusac), e arrecadou fundos por meio do site de financiamento coletivo Kickstarter para realizar a pesquisa.
Independentemente do resultado, o campo da física da informação e a ideia de uma realidade simulada continuam a ser áreas de intenso debate e curiosidade. O mundo científico observa essas teorias com uma mistura de ceticismo e interesse, desejoso de ver se essas ideias radicalmente novas poderiam, de fato, transformar nossa compreensão do universo.
Seja qual for a conclusão, a pesquisa sobre a teoria da simulação está movimentando tanto a ciência quanto a imaginação popular, proporcionando uma visão intrigante sobre as possíveis naturezas da realidade que habitamos.
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