China executa quatro canadenses por tráfico de drogas
Governo chinês ignora pressões diplomáticas e aplica pena máxima a estrangeiros condenados

O governo chinês executou quatro cidadãos canadenses condenados por tráfico de drogas no início de 2025, criando uma crise diplomática com o Canadá.
Os casos envolvem apreensões de metanfetamina entre 2019 e 2022 e condenações com pena de morte seis meses após esgotados os recursos legais.
As autoridades canadenses confirmaram as execuções, mas mantiveram as identidades dos condenados em sigilo a pedido das famílias.
“Condenamos energicamente as execuções de canadenses na China”, declarou a ministra das relações exteriores do Canadá, Mélanie Joly (foto) à imprensa, ressaltando que o governo continuará buscando clemência para outros cidadãos canadenses que enfrentam situações semelhantes.
A aplicação da pena capital, comum no país asiático para crimes com mais de 50 gramas de drogas sintéticas, foi duramente criticada pelo governo canadense, que classificou a medida como uma “violação grave dos direitos humanos”.
Os julgamentos ocorreram em diferentes províncias chinesas e seguiram os trâmites locais, marcados por altos índices de condenação e acesso limitado a defesa independente.
Todos os acusados foram assistidos por advogados designados pelo Estado, o que motivou protestos do governo canadense e de organizações internacionais de direitos humanos.
O caso reacende a lembrança de Robert Schellenberg, canadense condenado à morte em 2019 por contrabando de drogas.
Sua condenação, inicialmente de 15 anos de prisão, foi revista para pena de morte em meio à crise provocada pela prisão de Meng Wanzhou, executiva da Huawei, no Canadá. A mudança abrupta da sentença alimentou acusações de retaliação política por parte do governo chinês.
A resposta do governo canadense foi imediata. O embaixador da China foi convocado e os alertas de viagem foram atualizados, recomendando “extrema cautela” a cidadãos canadenses que pretendem visitar a China.
Desde a prisão de Meng, as relações entre os dois países vêm se deteriorando. Após sua detenção, o governo chinês prendeu dois canadenses, Michael Kovrig e Michael Spavor, considerados pelo Canadá como reféns políticos. Ambos foram libertados em 2021, no mesmo período em que Meng retornou à China após acordo judicial com os Estados Unidos.
Nos últimos anos, o governo canadense acusou a China de espionagem industrial, interferência em processos eleitorais e tentativas de intimidar comunidades chinesas no país.
Para Yun Sun, do Centro Stimson, “a China mostra que não hesita em aplicar sua legislação mesmo diante de repercussões diplomáticas”.
Gordon Houlden, da Universidade de Alberta, considerou o episódio “um divisor de águas”.
David Mulroney, ex-embaixador do Canadá em Pequim, afirmou que o país asiático “não teme retaliações”.
No plano econômico, os efeitos já se fazem sentir. Com um comércio bilateral de cerca de 100 bilhões de dólares em 2024, empresas canadenses estão revendo investimentos e buscando alternativas ao mercado chinês.
Os setores de mineração, energia e agricultura são os mais vulneráveis a eventuais retaliações.
Estados Unidos, União Europeia e Austrália se posicionaram contra as execuções. Organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch condenaram a ação do governo chinês.
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu uma moratória para a aplicação da pena de morte na China.
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Comentários (2)
Marcia Elizabeth Brunetti
21.03.2025 08:45Imagina como reduziríamos os problemas com traficantes aqui no Brasil com essa simples solução? É só pegar aqueles que não há mais dúvida que são os grandes e ser “um pouco mais austero” que nossa legislação hoje trata esses cânceres humanos!
Fabio B
21.03.2025 07:34Eu queria que as esquerdas defendessem o modo Chines de tratar criminoso também aqui no Brasil