China encerra adoções internacionais
A decisão chinesa de encerrar adoções internacionais impacta famílias em processo de adoção e reflete uma tendência global de reavaliação de políticas de adoção.
Na quinta-feira, o governo chinês surpreendeu a comunidade internacional ao anunciar que não enviará mais crianças para adoção fora do país. Esse movimento encerra uma política de adoções internacionais que vigorou por mais de trinta anos. Desde 1992, mais de 160 mil crianças da China encontraram lares em diversos países, sendo que os Estados Unidos adotaram cerca de 82 mil dessas crianças, majoritariamente meninas.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que a decisão visa alinhar-se com as tendências globais. Porém, o anúncio deixou em suspense muitas famílias que já estavam na fase de adoção de crianças chinesas. A mudança é vista como parte de um esforço mais amplo para enfrentar os desafios demográficos do país.
Impacto das Adoções Internacionais da China
Interromper a prática de adoções internacionais terá repercussões consideráveis. A família Welch, de Louisville, Kentucky, é um exemplo. Eles aguardam ansiosamente há mais de quatro anos para trazer Penelope, uma menina chinesa, para sua nova casa. Os Welch iniciaram essa jornada em 2017 e, em 2019, começaram o processo para adotar Penelope, que tinha cinco anos na época.
A pandemia de Covid-19 em 2020 complicou ainda mais a situação, congelando viagens internacionais. Aimee Welch, mãe adotiva, preparou tudo para a chegada de Penelope, mas a espera tem sido angustiante e interminável.
Famílias Afetadas pela Mudança: O Que Acontecerá Agora?
A decisão da China levanta muitas perguntas sobre o futuro das famílias que estavam em processo de adoção. Aimee Welch expressa sua frustração e tristeza com a incerteza. “Nós estávamos prontos. Compramos roupas novas, aprendemos o idioma e até passo a passo de culinária chinesa para ela se sentir em casa. A cama dela está pronta desde janeiro de 2019,” disse Aimee.
Penelope, de seis anos, também aguardava ansiosamente pelo reencontro, conforme mostram as fotos enviadas à família Welch, nas quais a menina desenha e escreve “Mãe” em chinês e inglês. Ambas as partes nutrem um sonho que agora está suspenso.
Por Que a China Parou com as Adoções Internacionais?
A queda contínua na taxa de natalidade chinesa é um dos principais fatores por trás dessa mudança abrupta. O país possui uma das menores taxas de natalidade do mundo, e as autoridades têm tentado promover o casamento e a procriação entre os jovens. No entanto, altos custos de vida, insegurança no emprego e preocupações econômicas têm desencorajado muitos de formar famílias.
A política rigorosa do filho único, que durou de 1979 até 2015, levou muitas famílias a preferirem meninos, resultando em grande número de meninas enviadas para adoção. Com a mudança demográfica, as autoridades agora buscam novas estratégias para enfrentar esses desafios.
Outros Países Também Estão Suspendo Adoções Internacionais?
A decisão chinesa não é isolada. Em maio de 2024, a Holanda também proibiu seus cidadãos de adotarem crianças de países estrangeiros. A Dinamarca seguiu o mesmo caminho, interrompendo todas as adoções internacionais após a única agência de adoção do país encerrar suas atividades.
Essas mudanças refletem uma tendência global crescente para rever as políticas de adoção internacional, visando melhor proteção e bem-estar das crianças envolvidas. A China agora se junta a essa lista de países que repensam suas abordagens.
A decisão de interromper as adoções internacionais pela China sinaliza uma reorientação significativa nas suas políticas sociais e demográficas. O impacto dessa mudança será profundo tanto para as famílias que esperavam adotar quanto para as crianças que ansiavam por um novo lar. A China enfrentará novos desafios enquanto busca incentivar seu próprio crescimento demográfico e cuidar melhor de suas crianças.
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