O chanceler alemão Olaf Scholz criticou as declarações “equivocadas” de Elon Musk e condenou o apoio do bilionário ao partido da direita radical Alternativa para a Alemanha, o AfD. Em entrevista publicada neste sábado, 4, pela revista Stern, Scholz afirmou que as provocações de Musk não afetam a democracia alemã.

“Na Alemanha, tudo ocorre de acordo com a vontade dos cidadãos, e não segundo as declarações equivocadas de um bilionário americano”, disse.

No fim do ano, Musk chamou Scholz de “louco” e de “idiota incompetente”, além classificar o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, de “tirano”. 

Scholz, no entanto, minimizou os insultos e destacou que o apoio de Musk à AfD é mais preocupante.

“O AfD defende uma aproximação com a Rússia de Putin e o enfraquecimento dos laços transatlânticos. Isso é muito mais grave do que os ataques pessoais”, afirmou o chanceler.

O AfD, que aparece com 19% das intenções de voto nas pesquisas, atrás dos conservadores com 33%, admitiu manter contato regular com a equipe de Musk. 

Na próxima quinta-feira, o bilionário participará de uma conversa na plataforma X com a líder do partido, Alice Weidel.

Scholz também lembrou ter encontrado Musk em 2022, na inauguração da fábrica da Tesla em Brandemburgo, quando o AfD local protestava contra o empreendimento. 

“Não acho que devemos tentar agradar Musk. Deixo isso para outros”, disse.

O apoio de Musk ao AfD

A declaração de Scholz ocorre após o dono do X declarar apoio à sigla de direita radical Alternativa para a Alemanha, AfD.

“Apenas a AfD pode salvar a Alemanha”, escreveu Musk no X em 20 de dezembro, em resposta ao post da influenciadora Naomi Seibt, próxima à AfD.

Em artigo de opinião publicado no jornal Die Welt, Musk disse que somente a AfD poderia tirar a Alemanha do “caminho da mediocridade”.

A reação dos representantes do governo alemão não tardou. O deputado Axel Schäfer, do Partido Social-Democrata de Olaf Scholz, descreveu os comentários de Musk como “totalmente inaceitáveis”:

“Pedimos que não haja interferência em nossa campanha eleitoral. Estamos próximos dos americanos, mas neste momento é necessário coragem diante de um amigo. Não aceitamos intromissões em nosso processo democrático”, afirmou.