Calor impacta funções cognitivas e emoções, mostram pesquisas
Dentre as emoções negativas associadas ao calor, a raiva é uma das mais citadas. Também duas de suas consequências diretas: agressividade e violência
Além dos efeitos já conhecidos efeitos da desidratação no corpo, cientistas mostram que o cérebro também sofre com esta tendência de altas temperaturas.
Estudos recentes descobriram que o calor excessivo reduz as capacidades cognitivas, tanto para estudar como para trabalhar. Além disso, como o cérebro trabalha arduamente para manter o corpo fresco, as temperaturas extremas aumentam a agressividade e o stress, e afetam especialmente pacientes com certas perturbações psiquiátricas.
O cérebro é um órgão sensível à temperatura, que não está preparado para trabalhar a altas temperaturas, e neste caso a função cognitiva fica mais lenta, explica Sandra Giménez, neurofisiologista clínica do Hospital de la Santa Creu i Sant Pau de Barcelona: “O calor extremo afeta todas as funções cognitivas do cérebro: nossa capacidade de reação, nossa capacidade de resposta, memória, etc”, explicou.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos observou que “a taxa de aprendizagem diminui com o aumento do número de dias letivos quentes”. E outro estudo, que comparou o desempenho de estudantes da Universidade de Boston durante uma onda de calor de 2016, concluiu que aqueles que viviam em quartos sem ar-condicionado apresentaram uma capacidade de reação 13% mais lenta em testes aritméticos.
Embora a maioria dos estudos tenha sido realizada em ambientes acadêmicos, o comprometimento cognitivo causado pelo calor também afeta o local de trabalho: uma investigação realizada em 2006 concluiu que a maior produtividade é alcançada a uma temperatura em torno de 22 graus. Com mais oito graus, o desempenho foi reduzido em quase 9%.
O calor e as emoções
“Existem numerosos estudos que estabelecem ligações entre a saúde mental, o humor e o comportamento cerebral com o calor, por isso as pessoas com problemas de saúde mental são especialmente vulneráveis”, afirma o meteorologista e comunicador científico Mar Gómez.
Ele destaca que há pesquisas que mostram que as temperaturas mais altas diminuem as emoções positivas, como alegria ou felicidade, e aumentam as negativas, como raiva ou estresse.
“Sabemos que as pessoas com esquizofrenia podem ter dificuldades na regulação da temperatura corporal e que as alterações de temperatura podem alterar os sintomas dos transtornos de humor. Alguns medicamentos psiquiátricos, incluindo certos antidepressivos e antipsicóticos, também podem afetar a forma como o corpo regula a temperatura, e as pessoas que os consomem são especialmente vulneráveis aos efeitos do calor extremo”, explica Gómez.
Dentre as emoções negativas associadas ao calor, a raiva é uma das mais citadas. Também duas de suas consequências diretas: agressividade e violência: “O calor extremo pode aumentar a irritabilidade e diminuir o autocontrole, o que pode se traduzir em comportamentos mais agressivos.
A relação entre calor intenso e agressividade é real”, afirma Valentín Martínez, doutor em Psicologia pela Universidade Complutense de Madrid e membro da Faculdade de Psicologia de Madrid.
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