Brasil toma bronca do Peru por abstenção sobre Venezuela
OEA deixou de aprovar por apenas um voto uma resolução exigindo que a Venezuela apresentasse as atas das eleições do domingo, 28 de julho
O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea (foto), criticou o Brasil por ter se abstido de votação da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a Venezuela nesta quarta-feira, 31 de julho.
O órgão internacional, o maior do continente, deixou de aprovar por apenas um voto uma resolução exigindo que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apresentasse as atas das eleições presidenciais do domingo, 28.
“Houve 17 votos a favor, nem sequer alcançamos maioria, 11 abstenções e, se as contas não falham, 5 ausentes. O que significa se abster? No fundo, é não ter a suficiente vontade de expressar que estão a favor da verificação dos votos que, teoricamente, dão a vitória ao senhor Maduro”, disse González-Olaechea em pronunciamento em sessão extraordinária da OEA
“Mas é ainda pior o caso daqueles que nem sequer compareceram, nem mesmo por via eletrônica ou pela internet. Cinco membros desta organização internacional”, acrescentou.
Até o final desta quarta, o regime de Nicolás Maduro, que reivindica uma vitória por 51% dos votos, não divulgou as atas que comprovam os votos nas urnas.
Em contrapartida, a oposição se declarou vitoriosa na terça, 30, a partir de inspeção própria, que garantia a eleição de Edmundo González Urrutia com pouco mais de 70% das urnas apuradas.
Leia na íntegra a bronca de González-Olaechea ao Brasil:
“Houve 17 votos a favor, nem sequer alcançamos maioria, 11 abstenções e, se as contas não falham, 5 ausentes. O que significa se abster? No fundo, é não ter a suficiente vontade de expressar que estão a favor da verificação dos votos que, teoricamente, dão a vitória ao senhor Maduro.
Mas é ainda pior o caso daqueles que nem sequer compareceram, nem mesmo por via eletrônica ou pela internet. Cinco membros desta organização internacional.
E então nos perguntamos: por que a OEA, por que os sistemas democráticos no mundo, especialmente na América Latina, por que o Latinobarômetro nos diz ano após ano que nossos cidadãos e especialmente nossos jovens não acreditam em nós? Não acreditam nos políticos. Não acreditam na democracia. Não acreditam no sistema representativo.
Porque veem exatamente isso, veem 11 abstenções, países que assinaram a carta fundamental, o Pacto de Bogotá, cujo primeiro artigo diz: todos aqui comprometidos a sublinhar, mais ou menos com estas palavras, sustentar a democracia como um valor fundamental dos nossos regimes.
Além disso, anos depois, todos nós aqui presentes, os ausentes e os que se abstiveram votamos a favor da Carta Democrática, um instrumento justamente preparado e pensado para impedir os regimes que querem se perpetuar no poder.
E, neste caso, abusar da brutalidade da força, perseguindo, prendendo, matando, ameaçando, expulsando e assim por diante. Agora, eu me pergunto: será que nós, os presentes, os ausentes e os que se abstiveram não lemos os jornais de quatro, cinco ou sete anos atrás? Será que não sabemos da existência do senhor Leopoldo López, que há dois ou três anos foi perseguido e teve que viver no exterior para não ser preso? Será que não sabemos que a senhora Corina Machado, o senhor Edmundo González, o verdadeiro e legítimo presidente eleito da Venezuela [aplausos na sessão], foram processados? Processados pelo procurador-geral do regime, para julgá-los e prendê-los, para intimidá-los, inclusive rejeitando a generosa, oportuna e democrática oferta de asilo da Costa Rica, pela voz do muito ilustre ministro das Relações Exteriores daquele país, demonstrando a história democrática da Costa Rica.”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)