Bomba mata chefe das forças químicas e biológicas da Rússia
Igor Kirillov, figura central na estratégia militar de Putin, morreu após explosão em Moscou.
Igor Kirillov, chefe das forças de defesa radioativa, química e biológica da Rússia, morreu na manhã desta terça-feira, 17, após a explosão de uma bomba em Moscou.
O dispositivo estava escondido em uma scooter estacionada próxima à entrada de um prédio residencial na Avenida Ryazansky. A explosão também matou um assistente do general, segundo informações preliminares do Comitê Investigativo da Rússia.
O ataque é um dos mais significativos em território russo nos últimos anos e acende um alerta sobre a vulnerabilidade do alto escalão militar mesmo fora das zonas de conflito. Kirillov não era um oficial qualquer.
À frente de uma das unidades mais estratégicas das Forças Armadas russas, ele coordenava a defesa e o desenvolvimento de armamentos químicos, biológicos e radioativos, além de ser um dos responsáveis pelo lançador de foguetes termobáricos TOS-2, amplamente utilizado na guerra contra a Ucrânia.
Igor Kirillov e o TOS-2
Kirillov desempenhava um papel central no desenvolvimento do TOS-2, uma versão modernizada do lançador de foguetes termobáricos, conhecido pelo uso de munições que geram explosões de alta temperatura e pressão, devastando áreas amplas.
Esse tipo de armamento, também chamado de “bomba de vácuo”, ganhou notoriedade devido ao seu uso na Ucrânia, sendo descrito por especialistas como uma arma brutal em contextos urbanos.
O general era um defensor ferrenho da ampliação das capacidades de defesa química e biológica da Rússia, e sua liderança vinha sendo destacada em propagandas oficiais como um pilar da segurança nacional. Sua morte, portanto, representa uma perda significativa para o planejamento estratégico russo.
O ataque em Moscou
O uso de uma bomba escondida em uma scooter chama a atenção pelo método, que combina discrição e precisão.
Investigadores russos afirmam que o explosivo foi detonado remotamente, possivelmente por uma equipe profissional. Imagens divulgadas pela agência RIA Novosti mostram a área isolada com fitas de segurança, equipes forenses no local e robôs antibombas sendo utilizados para varreduras.
Até o momento, nenhuma organização assumiu a autoria do atentado. A ausência de reivindicações públicas, somada ao perfil do alvo, leva analistas a especular sobre a possibilidade de uma operação altamente planejada, tanto por agentes estrangeiros quanto por dissidentes internos.
Atentados no território russo
Embora raro, o assassinato de figuras importantes no território russo tem precedentes.
Em outubro de 2022, Darya Dugina, filha do ideólogo de Putin, Alexander Dugin, foi morta em um atentado com carro-bomba nos arredores de Moscou. Na ocasião, o Kremlin culpou serviços de inteligência ucranianos, acusação que Kiev negou.
Nos últimos meses, o país vem registrando incidentes isolados como ataques a infraestruturas críticas, incêndios e sabotagens atribuídas a agentes externos ou opositores internos. A morte de Kirillov, no entanto, eleva a gravidade da situação por atingir diretamente o núcleo militar do regime.
O assassinato de Igor Kirillov expõe falhas de segurança preocupantes dentro da Rússia. Para Vladimir Putin, que construiu sua imagem como líder implacável e dono de um sistema de segurança robusto, o ataque representa um desafio simbólico e prático.
Alvos estratégicos, como Kirillov, não apenas comandam áreas cruciais da defesa nacional, mas também são peças centrais no esforço propagandístico do Kremlin para sustentar a imagem de força do país.
A morte do general pode desencadear uma resposta interna mais severa, com expurgos em setores de segurança e repressão ampliada a possíveis dissidências.
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