Bailarinos da abertura dos jogos olímpicos ameaçam greve
Bailarinos que ensaiavam nos cais e telhados dos edifícios ribeirinhos do Sena, onde aconteceria o espetáculo de abertura, permaneceram com os punhos erguidos, sem se mover, durante 8 minutos antes de retomar a exibição do espetáculo
A dois dias da cerimônia de abertura dos jogos olímpicos, os bailarinos que participarão do evento, mantêm um aviso de greve. Eles exigem remuneração igual entre profissionais e trabalhadores intermitentes da indústria do entretenimento.
As negociações entre os organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris e o sindicato SFA-CGT que representa os artistas na cerimônia de abertura não resultaram num acordo na noite de terça-feira, 23 de julho. O aviso de greve apresentado para a cerimônia na sexta-feira, 26, não foi, portanto, levantada, segundo um membro da SFA presente na mesa de negociações.
O sindicato denunciou na semana passada “desigualdades flagrantes de tratamento” entre os dançarinos recrutados. Segundo ele, 250 a 300 deles, trabalhadores intermitentes do espetáculo, foram contratados em condições “vergonhosas”, sem custos de alojamento ou transporte e com direitos de imagem (devido à gravação do espetáculo) no valor de 60 euros.
No final de uma nova reunião na noite de terça-feira, a SFA disse que aguardava “propostas escritas” de Paris 2024 na manhã dessa quarta-feira, 24, antes de qualquer decisão para o futuro. “As discussões continuam”, disseram os organizadores dos Jogos Olímpicos.
De manhã, a SFA-CGT tinha indicado, após uma primeira reunião, ter recebido “uma tímida proposta relativa ao aumento da remuneração dos direitos de transmissão”, que teria passado de 60 para 180 euros, o que foi julgado insuficiente pelo sindicato.
Na segunda-feira, em protesto, bailarinos que ensaiavam nos cais e telhados dos edifícios ribeirinhos do Sena, onde aconteceria o espetáculo de abertura, permaneceram com os punhos erguidos, sem se mover, durante 8 minutos antes de retomar a exibição do espetáculo, segundo depoimentos e um vídeo.
Riscos de saúde?
Num comunicado de imprensa separado, o sindicato SFA-CGT e a associação Henri Pézerat para a defesa da saúde em relação ao trabalho e ao ambiente e a Associação de Famílias Vítimas de Envenenamento por Chumbo alertaram os dançarinos que atuam nos telhados de certos edifícios de Paris.
Segundo eles, tratam-se de “superfícies gravemente contaminadas com chumbo, devido à erosão” mas também de “recontaminações recentes (sic) pelo incêndio de Notre-Dame e depois por trabalhos de limpeza e reconstrução”. “Apelamos ao exercício do direito de retirada de uma situação de perigo grave e iminente”, dizem, visando “bailarinos”, bem como “eletricistas” e “todos aqueles que depois terão de proceder à lavagem e limpeza de roupa contaminada, tecidos, sapatos de dança e outras fantasias.”
Expectativa
Sexta-feira, a partir das 19h30, cerca de três mil bailarinos, músicos e atores aparecerão às margens do Sena e as suas pontes num percurso de seis quilômetros que sobe o rio de leste a oeste até à Torre Eiffel, para a cerimônia de abertura dos jogos olímpicos, que acontece pela primeira vez fora de um estádio.
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