Apoiadores de Morales são presos em manifestação na Bolívia
Cocaleros marcharam por 100 quilômetros até La Paz em defesa do ex-presidente, que está sendo acusado pelo crime de abuso de menores
A polícia boliviana prendeu dois apoiadores do ex-presidente Evo Morales durante protestos em La Paz contra a crise econômica no país e exigindo que os processos contra o cocalero sejam retirados nesta segunda-feira, 13.
Os cocaleros tentaram entrar na Praça Central, próximo ao Palácio do Governo, mas os agentes atiraram bombas de gás lacrimogênio para impedirem a invasão.
Segundo o ministro do Governo, Eduardo del Castillo, a marcha é o retrado da “defesa da pedofilia”.
Audiência
As manifestações ocorreram na véspera de uma audiência marcada sobre as acusações do Ministério Público a Morales pelo suposto crime de abuso de uma menor de 15 anos, que teria engravidado no período em que era presidente.
Os apoiadores viajaram 100 km até a capital boliviana para prestar apoio ao cocalero. Eles alegam que o presidente, Luis Arce, promove uma conspiração político-judicial para retirá-lo das eleições de agosto.
O Supremo Tribunal já definiu, porém, que Morales não será candidato.
O ex-presidente permanece cercado pelo sindicato dos cocaleros em Cochabamba desde setembro do ano passado.
Ao longo do último ano, os cocaleros bloquearam as principais vias do país em protestos contra o governo Arce.
Estima-se que o prejuízo tenha sido no valor de US$ 1 bilhão.
Acusações
O ex-presidente boliviano é alvo de sete denúncias de abuso de menores na região de Cochabamba.
A Argentina também abriu uma investigação sobre Morales em novembro, também por tráfico de pessoas e abuso sexual. O ex-presidente viveu na Argentina por um ano após deixar o poder em 2019, quando renunciou à presidência em meio a uma crise política e acusações de fraude eleitoral.
Ele teria convivido com quatro adolescentes menores no período em que teve asilo político na Argentina, entre 2019 e 2020, no governo de Cristina Kirchner.
As adolescentes foram levadas da Bolívia para realizar trabalhos domésticos na casa em que ele vivia.
Tráfico de drogas
As chances de Morales ter de prestar depoimento em Tarija são baixas.
Ele está protegido por seguidores armados na região cocalera do Chapare, fonte da cocaína e da pasta de coca consumida nas ruas do Brasil.
“Evo não tem medo da Justiça boliviana. Seus apoiadores impedem a entrada da polícia no Chapare, território em que a soberania boliviana não prevalece. O que Evo teme é ser extraditado para os Estados Unidos, como acaba de acontecer com o seu ex-czar antidrogas Maximiliano Dávila“, diz o jornalista boliviano e pesquisador sobre segurança Humberto Vacaflor.
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