Análise: os erros de Mauricio Macri
A derrota de Maurício Macri se deve a um acúmulo de erros, tanto na política quanto na economia - erros que devem servir de lição aos vizinhos, inclusive ao Brasil. Do ponto de vista econômico, o presidente argentino errou naquilo que deveria ser seu maior trunfo: reformas capazes de gerar emprego e renda...
A derrota de Maurício Macri se deve a um acúmulo de erros, tanto na política quanto na economia – erros que devem servir de lição aos vizinhos, inclusive ao Brasil.
Do ponto de vista econômico, o presidente argentino errou naquilo que deveria ser seu maior trunfo: reformas capazes de gerar emprego e renda.
Errou quando deixou de explicitar à sociedade o alcance da herança maldita do kichnerismo, vendendo a ideia de que resolveria facilmente os problemas.
Errou ao promover um choque liberal, sem criar condições de absorção dessas medidas pela sociedade. Medidas radicais que derrubaram o já combalido poder aquisitivo da população, especialmente da classe média que o elegeu – e se sentiu traída.
Um exemplo foi o reajuste das tarifas de serviços públicos depois de quase uma década congelados pelo kirchnerismo. Em pouquíssimo espaço de tempo, contas de água, luz e gás dispararam até 5.000% – o que sufocou o trabalhador e ajudou a quebrar pequenas e médias empresas.
Politicamente, Macri também foi um desastre.
Em vez de ampliar a base de apoio que o elegeu em 2015, acabou por reduzi-la.
No núcleo de poder, venceu a visão de um grupo que pretendia governar pelas redes sociais, combatendo qualquer aliança com o chamado “peronismo republicano” – embora desgastado, ainda relevante na composição de forças.
Companheiro de chapa de Macri, Miguel Pichetto seria o representante dessa ala peronista antikichnerista, mas sua chegada à campanha foi tardia e pouco convincente.
Além disso, o ainda presidente argentino sempre nutriu a ideia de que Cristina Kirchner deveria continuar em liberdade, apostando na polarização. O problema é que, sem emprego e comida na mesa, o argentino relegou o combate à corrupção a segundo plano.
Macri errou feio e não adianta culpar o Foro de São Paulo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)