Agricultores da UE se unem contra pacto UE-Mercosul
Organizações agrícolas de grandes nações produtoras, como Alemanha, Itália, Polônia e Espanha, criticaram o projeto, enquanto suas lideranças políticas mantêm uma posição mais moderada
Agricultores de vários países europeus têm manifestado descontentamento em relação ao acordo de livre comércio proposto entre a União Europeia e os países do Mercosul. A Associação dos Agricultores Alemães (DBV) expressou a necessidade urgente de renegociar os termos desse acordo.
Organizações agrícolas de grandes nações produtoras, como Alemanha, Itália, Polônia e Espanha, criticaram o projeto, enquanto suas lideranças políticas mantêm uma posição mais moderada comparada à França, que se mostra fortemente contrária.
O principal ponto de discórdia reside no fato de que o Mercosul exportaria predominantemente produtos agrícolas para a UE, como carne bovina, aves e açúcar, sob condições consideradas desleais. Tais mercadorias não atenderiam aos padrões ambientais e sociais rigorosos exigidos na Europa.
O Copa-Cogeca, representante europeu dos sindicatos agrícolas majoritários, instou a UE a reavaliar o acordo, promovendo uma política comercial que respeite os altos padrões da agricultura europeia.
França busca apoio contra acordo
Na França, país líder em valor agrícola no continente, está prevista uma mobilização significativa em resposta à crise geral do setor.
A Federação Nacional Bovina da França destaca um recente relatório de auditoria da UE que revela falhas nos controles sanitários no Brasil. Apesar disso, a Comissão Europeia continua as negociações que permitiriam maior importação de carne bovina sul-americana.
Paris busca apoio de outros Estados-membros, como a Polônia, para formar uma minoria bloqueadora dentro da UE.
A Alemanha, antes reticente sob Angela Merkel devido às questões ambientais na Amazônia, agora sob Olaf Scholz parece mais inclinada a explorar novos mercados industriais. Contudo, a situação política interna instável coloca os agricultores em estado de alerta. Para o DBV, é essencial renegociar para evitar substituições prejudiciais à produção nacional.
Na Espanha, apesar das preocupações com o impacto sobre o setor pecuário manifestadas por sindicatos agrícolas como a Asaja, o governo mantém apoio ao acordo por razões estratégicas.
Na Itália, a Coldiretti expressou preocupação quanto aos impactos devastadores no agroalimentar.
Nos Países Baixos, o setor avícola e açucareiro são apontados como ameaçados pelo acordo. Klaas Johan Osinga do LTO sublinha que o benefício potencial para outros setores é pequeno diante das divisões políticas internas.
A Polônia manifesta sérias reservas através do seu ministro da Agricultura e uma das principais organizações agrícolas apelou ao governo para bloquear o projeto.
Na Áustria e Irlanda, as manifestações contra o acordo são explícitas: parlamentares austríacos adotaram uma resolução contrária e agricultores irlandeses protestaram em frente ao parlamento.
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