A uma semana da eleição francesa, Macron apela por “terceira via”
Contra a aliança de direita em torno do partido de Le Pen (RN) e a aliança de esquerda que aceitou o extremismo de Mélenchon (LFI), Macron propõe um bloco central que pode “bloquear tanto a extrema direita como a extrema esquerda”
Uma semana antes do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas, que se realizarão no dia 30 de junho, o presidente francês, Emmanuel Macron dirigiu-se aos franceses em uma longa carta veiculada pela imprensa.
O presidente justificou a surpreendente dissolução da Assembleia Nacional: “Sei que, para muitos de vocês, esta foi uma surpresa que despertou preocupação, rejeição, às vezes até raiva dirigida a mim. Eu entendo e ouço”, admitiu, ciente de que mesmo no campo presidencial, alguns não digeriram a imprevisível dissolução, que os lançou numa campanha relâmpago da noite para o dia.
Uma vez que o grupo macronistas, até então em situação de maioria relativa, poderia ser rebaixado para a terceira posição no equilíbrio do poder político na Assembleia Nacional, a dissolução foi, segundo Macron a única que possibilitaria ao país “avançar e reunificar-se.”
O Presidente da República francesa traçou linhas vermelhas entre propostas difíceis de conciliar. Na sua mira – e no topo das sondagens – está a coligação de direita em torno do partido nacionalista Rassemblement Nacional (RN) cujo projeto segundo ele, “pretende responder melhor à imigração e à insegurança sem nada propor de concreto”, além de dividir a nação “opondo aqueles que eles nomeiam de verdadeiros franceses e os franceses de papel”.
Na opinião de Macron esse grupo ainda “ignora as mudanças climáticas e suas consequências” e “pretende vos devolver o poder de compra, mas ao reverter as reformas das aposentadorias ou ao fazer promessas sobre o preço da energia, aumentará os vossos impostos”, escreve o chefe de Estado.
Do outro lado do espectro político, Emmanuel Macon ataca a proposta formulada por La France insoumise (LFI) e seus aliados, unidos sob a bandeira da Nova Frente Popular. Essa aliança “recusa clareza sobre o secularismo e o antissemitismo”, escreve o presindete, referindo-se em particular à fratura da esquerda desde os massacres de 7 de Outubro e à recusa dos Insoumis em qualificar o Hamas como uma organização terrorista.
A estas duas forças políticas, Emmanuel Macron opõe uma “terceira via”, a do bloco central que pode “certamente bloquear tanto a extrema direita como a extrema esquerda no segundo turno.”
Ele, que nunca conseguiu construir uma coligação duradoura fora das suas fileiras, está mais uma vez tentando se aproximar dos líderes políticos do “arco republicano”, ansiosos por “trabalhar em conjunto” no dia seguinte às eleições legislativas.
“Protetor da nossa República”
Nesta longa carta, o chefe de Estado apresenta também o seu mea culpa sobre a “insegurança” e a “impunidade”, dois temas que segundo ele “nutriram a escolha de alguns para o Ressemblement Nacional”. E prometer “respostas muito mais fortes e firmes” do governo, se o seu campo conseguir vencer em 7 de julho.
O presidente promete ainda que “a forma de governar deve mudar profundamente”, face ao “mal-estar democrático” que se instalou no país. Isto, enquanto muitos, inclusive no seu campo, o criticam por uma prática de poder considerada demasiado solitária.
No caso de uma vitória esmagadora do RN e dos seus aliados, que impulsionaria Jordan Bardella para Matignon, Emmanuel Macron quer posicionar-se como “protetor em todos os momentos da nossa República”.
“Você pode confiar em mim para atuar como seu presidente até maio de 2027”, diz ele, fechando definitivamente a porta para uma possível renúncia nas semanas seguintes.
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