A melhor opção a Maduro é aceitar uma transição, diz María Corina
Líder da oposição na Venezuela rejeitou a realização de novas eleições no país
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado (foto), rejeitou a realização de novas eleições no país. Em entrevista ao espanhol El País, María Corina afirmou que a melhor opção ao ditador Nicolás Maduro “é aceitar os termos de uma transição negociada”.
“Acredito que é uma posição que une todos os países do mundo quando dizem que devemos ter uma verificação imparcial das atas”, disse.
Questionada sobre a solução negociada proposta pelos governos do Brasil, da Colômbia e do México, a líder da oposição afirmou:
“Podemos falar de transição, não sei se é de negociação. Para que a negociação ocorra, ambas as partes devem querer. Estamos decididos, com quatro condições. Primeiro, uma negociação que parte do respeito à soberania popular do 28 de Julho.
Acredito que é uma posição que une todos os países do mundo quando dizem que devemos ter uma verificação imparcial das atas. As nossas estão disponíveis para que quem quiser analisá-las, verificá-las. É para isso que serve o nosso banco de dados.
Em segundo lugar, é uma negociação para a transição e não para a partilha de poder ou outras ideias que tenham surgido. Terceiro, é uma negociação na qual estamos dispostos a dar garantias, salvo-condutos e incentivos [a Maduro e ao chavismo], sobre a qual não vou entrar em detalhes porque é obviamente inconveniente fazê-lo e seria o objeto da negociação em si. Em quarto lugar, uma negociação em que o país que elegeu os seus líderes e representantes se sinta bem representado.”
María Corina afirmou ainda que o objetivo paralelo é “deter a repressão” da ditadura de Maduro.
“Estamos falando de Maduro, que se vangloria diariamente de ter mais de 2 mil detidos. Estão retirando testemunhas eleitorais das suas casas, procuram quem foi voluntário no dia das eleições.”
A líder da oposição na Venezuela também admitiu que ela e o candidato Edmundo González podem ser presos.
“Na Venezuela tudo é possível, sinto que no seu desespero Maduro escolheu o caminho mais perigoso, entrincheirando-se, cercando-se de um alto comando militar. Acho que é um grande erro da sua parte e um enorme risco para os venezuelanos.”
O Conselho Eleitoral Nacional (CNE) da Venezuela, que declarou vitória de Maduro, não apresentou as atas eleitorais passadas mais de duas semanas do pleito. O CNE é controlado pelo chavismo.
Apuração da base de María Corina e González aponta vitória do candidato opositor com 67% dos votos.
Perseguição
O procurador-geral do regime de Nicolás Maduro, Tarek William Saab, anunciou no início da semana a abertura de uma investigação sobre os líderes da oposição, María Corina Machado e Edmundo González.
A ação do PGR de Maduro se dá após María Corina e González publicarem uma carta pedindo às Forças Armadas que “se coloquem ao lado do povo” e reconheçam a eleição do opositor. González assinou a carta como “presidente-eleito”.
A ditadura chavista, que controla as autoridades eleitorais, não liberou as atas das seções eleitorais, quase duas semanas após o pleito.A PGR de Maduro investiga os líderes opositores pelos crimes de “Usurpação de Funções, Divulgação de Informação Falsa para Causar Angústia, Instigação à Desobediência de Leis, Instigação à Insurreição, Associação à prática de Crime e Conspiração”.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)