“A linha entre antissionismo e antissemitismo se apagou”
Bret Stephens alerta para uma "despertar" coletivo dos judeus americanos após ataques e aumento do antissemitismo nos EUA, destacando a perda de ilusões sobre segurança e inclusão
O colunista Bret Stephens publicou nesta sexta, 4, artigo no The New York Times intitulado “The Year American Jews Woke Up”, analisando a mudança radical na percepção do antissemitismo entre os judeus dos EUA, especialmente após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Stephens, um judeu americano conhecido por suas posições sobre Israel e antissemitismo, traz uma análise contundente das experiências recentes que fizeram essa ameaça se tornar “pessoal” para muitos que antes viam os incidentes apenas nas notícias.
Ele começa destacando como, antes do ataque, “o antissemitismo não parecia pessoal”, citando que, embora existissem sinais claros — como ataques a sinagogas e líderes de movimentos extremistas ecoando slogans antissemitas —, a maioria dos judeus se sentia à parte, protegida.
Após o ataque de 7 de outubro, no entanto, ele argumenta que “se tornou pessoal. O chamado vinha de dentro de casa.” Stephens compartilha casos que se multiplicaram após esse evento, como a casa de uma diretora de museu pichada com acusações de “sionista supremacista branca” e colegas de universidades justificando ou ignorando atrocidades cometidas pelo Hamas contra israelenses.
Ele aponta o crescimento desse sentimento em espaços que, segundo ele, antes eram vistos como seguros ou progressistas, mencionando que “nos dias seguintes ao nosso maior luto desde o Holocausto, vimos quão pouca empatia havia por nós nos espaços e comunidades que pensávamos habitar confortavelmente”.
Ao longo do artigo, Stephens levanta três reflexões centrais. Primeiro, ele afirma que os judeus americanos não devem “esperar reciprocidade” pelos seus apoios a causas progressistas, como feminismo e direitos civis. Segundo, que a linha entre antissionismo e antissemitismo desapareceu. Ele aponta que “quando as consequências do antissionismo caem diretamente sobre a cabeça de milhões de judeus, as distinções entre antissionismo e antissemitismo se tornam invisíveis”. Terceiro, ele sugere que isso “não vai acabar tão cedo”, alertando sobre como o cenário político americano, tanto à direita quanto à esquerda, está se tornando um terreno fértil para o crescimento dessa antiga intolerância.
Em sua conclusão, Stephens é pessimista, mas ainda assim mantém alguma esperança. “Quero acreditar que o que aconteceu no último ano nos campi universitários não vai além das quadras acadêmicas”, afirma, embora reconheça que “estou achando mais difícil do que nunca fazer isso”.
Quem é Bret Stephens
Bret Stephens, colunista americano, escreve para o The New York Times sobre política internacional, cultura e política interna dos EUA. Ele já venceu o Prêmio Pulitzer de Comentário em 2013 e é conhecido por sua forte defesa de Israel e suas análises críticas de antissemitismo e política externa.
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