Recentemente a Síria foi abalada por uma reviravolta política significativa, com a derrubada do regime do ditador Bashar al-Assad por parte de rebeldes islamistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Esse evento ocorre em um momento delicado, próximo ao Natal, e deixou a população de Damasco dividida entre euforia, ceticismo e medo.

A situação é especialmente preocupante para a comunidade cristã da capital síria. Como uma minoria religiosa, os cristãos se veem impotentes diante das mudanças abruptas no cenário político.

Em meio a esse clima de incerteza, o padre Siraj Dib, líder de uma igreja maronita localizada no bairro cristão de Bab Tuma, expressa um otimismo cauteloso. Apesar das preocupações que permeiam a comunidade, ele acredita que ainda é cedo para avaliar as consequências da ascensão da HTS.

“Não tenho medo”, afirma ele, destacando um recente encontro entre líderes religiosos e os novos governantes provisórios, onde foi garantido que os ritos e festividades cristãs poderiam ser mantidos.

O padre Siraj reconhece que o medo está presente entre muitos cristãos devido às experiências traumáticas do passado. Ele acredita, no entanto, que a maioria dos muçulmanos na Síria não é radicalizada e rejeita a ideia de um estado teocrático. “Vivemos juntos há séculos”, ressalta.

Promessas de tolerância

No entanto, as promessas de tolerância da HTS são recebidas com desconfiança. A história recente da organização, que sucedeu grupos jihadistas notoriamente violentos como a Al-Nusra Front, levanta questões sobre a real intenção dos novos líderes.

Em episódios passados, esses grupos perpetraram ataques violentos contra minorias religiosas. O chamado de seus membros na época incluía ameaças diretas aos cristãos e outras denominações.

Outros incidentes também refletem a hostilidade em relação aos cristãos na Síria. Recentemente, um vídeo viralizou mostrando homens mascarados incendiando uma árvore de Natal nas proximidades da cidade de Hama.

Em resposta, centenas de cristãos protestaram em várias cidades sírias em defesa de seus direitos. A HTS se apressou em afirmar que repararia os danos causados e anunciou a prisão dos responsáveis pelo ato de vandalismo.

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