A comedida crítica alemã à troca de prisioneiros com a Rússia
Vladimir Putin foi inflexível sobre garantir a libertação do cativeiro alemão de Vadim Krasikov, um assassino de aluguel que em 2019 foi enviado pelos serviços de segurança russos para assassinar um exilado checheno em Berlim
Concordar em libertar um assassino condenado “não foi fácil”, disse Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, comentando a troca de prisioneiros com a Rússia na qual o seu país também esteve envolvido.
A Alemanha provavelmente teria preferido não desempenhar nenhum papel no acordo complexo e multinacional que viu a libertação de Evan Gershkovich, um repórter do Wall Street Journal, e outros 15 prisioneiros de prisões russas e bielorrussas.
Mas não poderia permanecer indiferente, porque Vladimir Putin foi inflexível sobre garantir a libertação do cativeiro alemão de Vadim Krasikov, um assassino de aluguel que em 2019 foi enviado pelos serviços de segurança russos para assassinar um exilado checheno em Berlim.
Na quinta-feira, depois de cumprir menos de três anos de uma sentença de prisão perpétua que lhe foi dada por um tribunal de Berlim em 2021, Krasikov foi recebido como um herói na pista do aeroporto de Moscou com um abraço do próprio Putin.
A reação à troca na Alemanha — um orgulhoso Rechtsstaat, ou estado que obedece ao império da lei — não foi das melhores.
A RND, uma rede de notícias alemã, chamou a troca de “acordo sujo” e vários colunistas alemães criticaram a notícia.
Os promotores ordenados pelo Ministério da Justiça da Alemanha a libertar o Sr. Krasikov estão furiosos. Marco Buschmann, o ministro que emitiu a instrução, reconheceu que foi “uma concessão amarga”.
Outros políticos foram ainda mais duros, alertando que a libertação apenas encorajaria Putin e outros autocratas a fazer mais reféns.
Por que Scholz libertou Krasikov?
Cinco cidadãos alemães estavam entre os libertados do cativeiro ontem, incluindo Rico Krieger, que havia sido condenado à morte na Bielorrússia por acusações de terrorismo. De fato, alguns deles podem ter sido presos com o propósito de aumentar a pressão sobre a Alemanha.
Mas a concessão da Alemanha também representa a fruição de um longo esforço diplomático do governo do presidente Joe Biden para trabalhar em estreita colaboração com seu mais importante aliado europeu.
Ao explicar sua decisão ontem, o Scholz disse que a Alemanha “deve se solidarizar com os Estados Unidos”. Biden, por sua vez, não economizou elogios: “Devo um grande agradecimento ao chanceler”, disse ele no Salão Oval.
Depois que os prisioneiros foram libertados, Biden foi filmado recebendo-os e cumprimentando-os publicamente. Já o chanceler alemão estava presente no aeroporto de Colônia-Bonn para a chegada de vários dos ex-prisioneiros, mas foi bastante discreto e se restringiu a uma breve declaração e não foi filmado ao encontrá-los.
Nas suas redes sociais, Scholz escreveu:
“16 pessoas libertadas estavam a caminho de Ancara para a Alemanha hoje. 16 pessoas que foram presas ilegalmente na Rússia e na Bielorússia como prisioneiros políticos. Esse foi um momento especial: todos chegaram são e salvo. […] Estou convencido de que essa foi a decisão certa. Somos uma sociedade caracterizada pelo humanismo. Este 16 defenderam a democracia e a liberdade – devem contar com a nossa proteção.”
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