A bronca do representante do Uruguai na OEA em cúmplices de Maduro
“Ou creem no quê? Que há 8 milhões de venezuelanos que saíram pra fazer turismo pelo mundo?”, questionou Washington Abdala
Na sessão da Organização dos Estados Americanos que aprovou na noite de sexta-feira, 16 de agosto, por unanimidade, uma resolução que exige a publicação das atas eleitorais da Venezuela, o representante permanente do Uruguai na OEA, Washington Abdala, fez um forte discurso contra Nicolás Maduro e os cúmplices do ditador.
Abdala criticou o duplo padrão daqueles que saem em defesa dos direitos humanos conforme o local e a conveniência, bem como reiterou que não se sai de uma ditadura felicitando o regime.
O uruguaio ainda destacou a importância dos pontos em comum – como a exigência de divulgação das atas eleitorais – entre o texto votado na sessão e a resolução aprovada mais cedo, no mesmo dia, em Santo Domingo, capital da República Dominicana, por Estados Unidos, União Europeia e mais 21 países.
O Antagonista traduz abaixo os trechos principais da intervenção de Abdala:
“E que ‘coincidência’ começar a funcionar quase como um slogan assertivo e metafórico: entreguem as atas, mostrem as atas, iluminem com as atas, porque todos sabemos que nessa frase se está dizendo que as atas falam sobre Edmundo González Urrutia e a força monumental de María Corina Machado neste tema, monumental a de María Corina Machado. Esta é uma sala onde devemos destacar essas coisas. Liderança feminina, corajosa, valente superou tudo. Superou tudo. E tenhamos algo claro: nem sempre todos os membros desta organização concordam com a Corte Internacional de Direitos Humanos. Nem sempre. Bem, hoje eu parabenizo a CIDH. Um comunicado absolutamente espetacular. Corajoso, valente, sem ambiguidades, hein. Não fica com meias palavras, fala de terrorismo de Estado. Entendeu? Fala de terrorismo de Estado, fala de políticas e práticas autoritárias. Fala de um padrão sistemático de violações da liberdade pessoal. O que não se entende? O que não se entende? Especialistas no assunto nos dizem que o pior está acontecendo. E deveríamos ter um estilo como o do Irã. Não precisamos ter isso. Estamos diante de uma ditadura vergonhosa. Enfrentamos o pior que aconteceu ao continente em muito tempo, e temos que enfrentar isso sem muita retórica, rapazes. Aqui ninguém tem o manual de como sair das ditaduras, mas não se sai felicitando-as. Sai-se com atitude inquisitiva. Sai-se com maiorias internacionais que repetem o mesmo cântico, que é exatamente o mesmo, e quem sabe não encontrem esse caminho que alguns creem que podem encontrar. Se alguns acham que podem encontrar esse caminho de dizer a um ditador ‘olha, senhor, vá embora’, [clap, clap, clap] eu aplaudo. Eu aplaudo, mas não conheço ditadores que saiam de bom grado.
Eu tenho meu manual e cada um terá seu manual de como se sai das ditaduras. Mas uma coisa é certa: não se sai felicitando-as, mas dizendo: senhor, respeite o resultado. O resultado é claro, empírico, factual: Edmundo González Urrutia venceu. Senhor Maduro, o que você não entende? O que é que você não compreende? E a gravidade disto, quando estamos diante de terrorismo de Estado, é que alguns leem os direitos humanos de forma quando acontece em alguns locais e, quando acontecem em outros, leem de outra forma. São os mesmos direitos humanos, é a mesma gente dando vida, sacrifício, tudo. Ou creem no quê? Que há 8 milhões de venezuelanos que saíram pra fazer turismo pelo mundo? O que não se entende? Então o tom é este, é um tom, sim, passional. Peço desculpas, peço desculpas. Mas não há muito espaço mais. E teremos que continuar insistindo. Se for preciso insistir 10, 15, 20 dias, teremos que continuar fazendo isso. Teremos que continuar fazendo isso! E teremos que seguir dizendo ao ditador: senhor, saia daí, ninguém mais o apoia! É isso que eu queria dizer.”
Edmundo González publicou no X uma foto do momento em que conversou ao telefone com Washington Abdala e comentou que agradeceu a ele “pela sua brilhante intervenção em nome dos venezuelanos”.
“Não estamos sozinhos, a região está conosco.”
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