“Steve Bannon se gabou de ter sido consultor de Bolsonaro”, diz ex-Cambridge Analytica
Brittany Kaiser, ex-diretora da consultoria Cambridge Analytica, disse que o estrategista político Steve Bannon "se gabou de ter prestado consultoria para Bolsonaro" na campanha de 2018...
Brittany Kaiser, ex-diretora da consultoria Cambridge Analytica, disse que o estrategista político Steve Bannon “se gabou de ter prestado consultoria para Bolsonaro” na campanha de 2018. A declaração foi feita na última quinta (12), em evento do Sebrae. A palestra de Kaiser tinha o título ‘Como a Big Data, Trump e o Facebook quebraram a democracia?’.
O Antagonista obteve o vídeo do evento. Nele, o mediador Edson Mackeenzy pergunta: “A Cambridge Analytica operou no Brasil na última eleição? O que você acha que aconteceu?”.
Ela responde: “Minha suspeita é de que a Cambridge Analytica se envolveu, sim. Eu ajudei a montar o escritório brasileiro quando ainda trabalhava na Cambridge Analytica. Tínhamos um pequeno escritório em São Paulo onde nos associamos a uma grande empresa de marketing e a uma consultoria política, e isso para começar a construir bases de dados”.
E continua:
“A Cambridge Analytica começou a trabalhar lá [em São Paulo] para fazer consultoria política e consultoria comercial. Eu sei que, enquanto eu estava lá, alguns projetos comerciais estavam acontecendo. Eu não estava ciente de projetos políticos já iniciados quando saí, mas sei com certeza que Steve Bannon se gabou de ter prestado consultoria para Bolsonaro na última campanha eleitoral.”
Ela ressalta que “Steve Bannon foi vice-presidente da Cambridge Analytica e ajudou a fundar a empresa”. “Então eu diria, se a Cambridge Analytica tinha um escritório lá [em São Paulo], tinha dados sobre brasileiros e Steve Bannon veio para prestar consultoria, é muito provável que esse tipo de intervenção tenha acontecido na última eleição.”
Brittany Kaiser foi pivô do escândalo envolvendo a Cambridge Analytica no roubo de dados de usuários do Facebook para influir no resultado de eleições em diversos países. Ela depôs em julgamentos do caso e, em 2019, protagonizou o documentário ‘Privacidade Hackeada’, da Netflix.
Segundo a analista, “no Brasil existe uma quantidade extrema de dados pessoais. Quase tanto quanto nos Estados Unidos”.
“Empresas como a (Serasa) Experian têm arquivos nacionais de dados de todo mundo no Brasil. Sobre o seu estilo de vida, dados pessoais de compras e até alguns dados políticos estão disponíveis.”
Steve Bannon foi o chefe da campanha de Donald Trump na reta final das eleições de 2016, e depois estrategista-chefe da Casa Branca nos primeiros sete meses do governo. Em outubro de 2018, ele contou à BBC News Brasil ter sido apenas “um apoiador” de Bolsonaro, não consultor. Disse ter feito “algumas observações” a Eduardo Bolsonaro, numa reunião que tiveram em Nova York.
Eduardo e Bannon mantiveram a relação. Chutado da Casa Branca, Bannon criou o ‘The Movement’, espécie de Foro de São Paulo da direita, e nomeou o filho 03 de Jair Bolsonaro omo líder do movimento para a América Latina. Em março de 2019, na primeira visita de Bolsonaro aos EUA como presidente, Steve Bannon foi um dos convidados de honra de um jantar oferecido pelo embaixador brasileiro em Washington.
Em agosto deste ano, Bannon foi detido em um iate nos Estados Unidos e denunciado por fraude e lavagem de dinheiro. Ele e outras três pessoas foram acusadas de desviar centenas de milhares de dólares de uma campanha de crowdfunding com o alegado propósito de ajudar a construir um muro na fronteira com o México. Bannon foi solto no mesmo dia, após pagar fiança de US$ 5 milhões.
Assista a trecho da palestra de Brittany Kaiser:
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