“O Facebook está se alinhando aos ricos e poderosos”, diz ex-funcionário sobre ‘live’ de Bolsonaro
"O Facebook está se alinhando cada vez mais aos ricos e poderosos, permitindo que eles joguem com regras diferentes"...
“O Facebook está se alinhando cada vez mais aos ricos e poderosos, permitindo que eles joguem com regras diferentes”.
O relato é do engenheiro de computação David Thiel à revista The New Yorker. Em reportagem publicada nesta segunda-feira (12), a revista questiona se o Facebook de fato quer resolver o problema do discurso de ódio e desinformação que abundam na plataforma.
Thiel pediu demissão porque o Facebook não reagiu à live de Bolsonaro, em janeiro deste ano, na qual o presidente afirmou que “cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós”.
O trecho mais completo da fala do presidente foi: “Com toda a certeza, o índio mudou, tá evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”.
Para convencer a equipe de política de conteúdo do Facebook a remover o vídeo, Thiel preparou uma apresentação de PowerPoint com 15 slides. Um dos slides continha o verbete de dicionário do verbo “become” (tornar-se), acrescentando que “tornar-se algo necessariamente denota que, no status quo ante [situação anterior], o sujeito atualmente não é aquilo”.
O penúltimo slide da apresentação continha trecho de discurso do próprio Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, sobre os perigos de desumanizar pessoas.
Os moderadores de conteúdo não se convenceram.
Um especialista de conteúdo em Brasília, a serviço do Facebook, escreveu que “o presidente Bolsonaro é conhecido por seus discursos controversos e ‘politicamente incorretos'”. Segundo a revista, esse especialista trabalhou para pelo menos um político pró-Bolsonaro.
Thiel também argumenta à revista que os representantes de vendas do Facebook certamente encorajaram Bolsonaro a usar os produtos da empresa, o que gera um conflito de interesses.
Em março, Thiel pediu demissão.
Em nota ao site, a assessoria do Facebook disse o seguinte:
“Proibimos discurso de ódio e aplicamos nossas regras de conteúdo globalmente, independentemente da posição ou afiliação política de quem publicou. Sabemos que temos mais a fazer, mas estamos progredindo na forma como aplicamos nossas regras, e auditamos nossos processos com frequência para garantir precisão e imparcialidade.”
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