Na eletrizante partida que marcou a vitória da Turquia sobre a Alemanha por 2 x 1, o zagueiro Merih Demiral chamou atenção não apenas por seu desempenho em campo, mas também por uma comemoração que gerou controvérsias. Após marcar seu segundo gol, Demiral fez um gesto com as mãos que imitava a cabeça de um lobo, símbolo associado aos Lobos Cinzentos, uma facção ultranacionalista ligada ao Partido de Ação Nacionalista (MHP) da Turquia.

Este gesto não passou despercebido e levantou imediatas críticas de várias figuras políticas, incluindo a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser. Em uma declaração via X (anteriormente conhecido como Twitter), a ministra expressou desaprovação contundente: “Os símbolos dos extremistas de direita turcos não têm lugar em nossos estádios”. Faeser destacou a impropriedade de usar eventos esportivos, como o Campeonato Europeu de Futebol, para promover plataformas de racismo.

Por que o Gesto de Demiral Gerou Tanta Controvérsia?

Os Lobos Cinzentos, criados nos anos 1960, estiveram envolvidos em inúmeros conflitos políticos violentos, especialmente notáveis antes do golpe de estado turco de 1980. O grupo é associado a ideais ultranacionalistas e já foi responsável por ataques contra esquerdistas, causando aproximadamente 5 mil mortes naquela época. Atualmente, eles estão proibidos em países como França e possuem seu símbolo banido na Áustria, além de estarem sob vigilância na Alemanha.

Qual a Posição da UEFA e as Reações Internacionais?

A UEFA prontamente anunciou que investigaria o “comportamento supostamente inadequado” de Demiral durante a comemoração. Essa não é a primeira vez que a organização se encontra na posição de ter que reprimir atitudes ofensivas; recentemente baniu Mirlind Daku, da Albânia, por dois jogos após cânticos inapropriados.

Por outro lado, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia defendeu Demiral, criticando a investigação da UEFA e chamando a atenção para a manifestação de “xenofobia” nas abordagens das autoridades alemãs. Segundo eles, as reações foram “politicamente motivadas” e condenáveis, visto que Demiral apenas celebrava alegremente um evento esportivo com um símbolo histórico e cultural.

Apoio e Orgulho Nacional versus Controvérsias Internacionais

Após a partida, em conversa com os jornalistas, Demiral revelou que já tinha planejado essa comemoração como uma maneira de expressar seu orgulho nacional. Ele declarou: “Eu tinha uma comemoração em mente sobre ser turco. Fiz isso com muito orgulho, senti isso até os ossos depois de marcar o gol, por isso quis fazer algo assim”. A reação das arquibancadas, onde muitos reproduziram o gesto, foi de apoio ao jogador.

No entanto, esta comemoração e suas ramificações continuam a ser motivo de debate acentuado, não apenas no campo esportivo mas também no político. Enquanto alguns veem o gesto como um símbolo de orgulho nacional, outros o veem como uma provocação e um potencial impulsionador de tensões. As próximas semanas provavelmente mostrarão como essa questão evoluirá tanto no âmbito esportivo quanto nas relações internacionais.