Crusoé: Copa Africana de futebol expõe a “diplomacia dos estádios” da China
Alassane Ouattara Stadium, como novas arenas, tem desenho de institutos chineses, e são pagos com financiamento chinês
A Copa Africana de Nações, que nesse ano ocorre na Costa do Marfim, tem exibido bons jogos e algumas surpresas interessantes — uma das maiores zebras até o momento é a vitória da pequena Namíbia sobre a poderosa Tunísia. Uma olhada além dos gramados, no entanto, mostram os novíssimos estádios marfinenses, como o Alassane Ouattara Stadium, que ilustra esta matéria e receberá a final do campeonato em 11 de fevereiro.
Ele, assim como as novas arenas, tem desenho de institutos chineses, e são pagos com financiamento chinês. E isso não é uma mera coincidência — é a “diplomacia dos estádios” a serviço de Pequim.
Um dos maiores investidores estatais no continente africano, o governo comandando por Xi Jinping tem investido pesado em obras de infraestrutura em países que integram o Belt and Road Initiative (BRI), conhecido como a “Nova Rota da Seda”. Enquanto países como Montenegro ganharam rodovias, e o Laos recebeu investimentos para uma nova ferrovia, o governo da Costa do Marfim tem agora estádios novos.
O acordo foi firmado ainda na década passada, quando o presidente da Costa do Marfim Alassane Ouattara (o mesmo do nome do estádio) foi a Pequim negociar acordos bilaterais. O estádio — o principal do país — foi desenhado pelo Instituto de Design Arquitetônico de Pequim, e teve as obras comandadas pelo Grupo de Construção e Engenharia da capital chinesa. Do custo aproximado do estádio em 257 milhões de dólares (em valores de 2016), o governo chinês aportou 113 milhões na obra.
Três dos seis estádios da edição deste ano tem participação direta dos chineses na sua construção, desenvolvimento e/ou financiamento.
Não é um acordo inédito: a China construiu as arenas da Guiné Equatorial quando o país recebeu a edição da Copa Africana de Nações em 2015. Na edição de 2017, no Gabão, mais duas arenas novinhas em folha vieram com capital de Pequim.
Este, no entanto, não é um terreno que o país andará sozinho…
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