"O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período" "O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período"
O Antagonista

“O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período”

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Antonio Temóteo
5 minutos de leitura 27.11.2021 16:00 comentários
Entrevista

“O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período”

A disputa eleitoral em 2022 trará volatilidade para a economia brasileira e é de se esperar aumento no preço do dólar e um menor crescimento econômico. As afirmações são de Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper e doutor em administração pela USP, em entrevista a O Antagonista...

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Antonio Temóteo
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“O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período”
Foto: arquivo pessoal

A disputa eleitoral em 2022 trará volatilidade para a economia brasileira e é de se esperar aumento no preço do dólar e um menor crescimento econômico. As afirmações são de Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper e doutor em administração pela USP, em entrevista a O Antagonista.

“O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período e isso pode afetar ainda mais a economia, com mais inflação e menor crescimento. O dólar tende a subir ainda mais. Sem clareza sobre quem será o próximo presidente, os investidores adiam as decisões de investimento”, disse.

Rocha ainda afirmou que a nova variante do coronavírus descoberto na África preocupa investidores, que retiram as aplicações de economias emergentes e buscam proteção comprando dólar, títulos públicos dos Estados Unidos e ouro. Para ele, as notícias sobre o assunto vão afetar os mercados nas próximas semanas.

A probabilidade dessa variante ocasionar uma contaminação como ocorreu no ano passado parece ser menor. Porém, há um temor de que isso ocorra porque ainda são sabemos se essa mutação tem uma taxa de transmissão maior do que variantes já conhecidas. Com informações em tempo real pelo mundo, é de se esperar uma volatilidade generalizada dos mercados nas próximas semanas”, disse.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Por o surgimento de uma nova variante do coronavírus afetou tanto os mercados na última sexta-feira?

O coronavírus é maior crise da história. Além de econômica e financeira, é uma crise sanitária. Nos países em que a vacinação avançou  houve um processo de recuperação da confiança do empresário e do consumidor, que voltaram a sair de casa, a vender e a reestabelecer a vida. Quando estamos diante de um cenário em que surge uma nova variante do vírus e não sabemos se as vacinas existem podem imunizar as pessoas, há um temor generalizado. É como se voltássemos no tempo para março de 2020. A queda das bolsas na última sexta-feira não foi tão intensa como no começo da pandemia porque sabemos que os laboratórios têm capacidade de produzir vacinas em grande escala. A questão é que isso está ocorrendo na África porque os países ricos não se importaram em ajudar no processo de imunização dessa população mais pobre. 

A economia global pode voltar a cair nos próximos meses?

Com retomada da economia global, com a liberação do transporte aéreo entre os países e a movimentação de cargas com navios fica a dúvida se essa variante pode se espalhar pelo mundo com rapidez. A probabilidade dessa variante ocasionar uma contaminação como ocorreu no ano passado parece ser menor. Porém, há um temor de que isso ocorra porque ainda são sabemos se essa mutação tem uma taxa de transmissão maior do que variantes já conhecidas. Com informações em tempo real pelo mundo, é de se esperar uma volatilidade generalizada dos mercados nas próximas semanas. 

No Brasil, a bolsa pode continuar a cair e o dólar a encarecer mais?

No mercado existem grande fundos, chamados de hedge funds, que trabalham na especulação. Com uma notícia de nova variante eles vendem as moedas, títulos públicos e ações de empresas de países emergentes das suas carteiras, mesmo que a mutação do vírus não tenha chegado nessas localidades. E buscam proteção comprando dólar, títulos públicos dos Estados Unidos e ouro. Eles se antecipam e não esperam confirmações sobre taxa de transmissão. E são trilhões de dólares que se movimentam rapidamente. Com isso, o efeito nos mercados globais é muito forte, inclusive na nossa economia e nos preços dos ativos brasileiros. Podemos esperar alguma volatilidade nas próximas semanas. 

O que podemos esperar da economia brasileira em 2022?

A cadeia produtiva foi afetada em todo o mundo com a crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus. Nos países que têm estabilidade fiscal, a política monetária funciona mais rápido para combater a inflação, que é global. No Brasil, os juros têm que subir muito e esse processo desacelera o crescimento econômico. Tudo indica que em 2022 teremos um crescimento econômico menor que em 2021, mas ainda é cedo para falar em números. A decisão do Banco Central de subir os juros é acertada, mas não está claro se a inflação vai ceder rapidamente. A inflação está pressionada pelo preço dos combustíveis e de alimentos, que são formados nos mercados internacionais e cotados em dólar. Sofremos com o esses aumentos em dobro porque a moeda dos Estados Unidos também está encarecendo. 

Qual é a maior preocupação para 2022?

O que preocupa em 2022 é a disputa eleitoral. Há muito volatilidade nesse período e isso pode afetar ainda mais a economia, com mais inflação e menor crescimento. O dólar tende a subir ainda mais. Sem clareza sobre quem será o próximo presidente, os investidores adiam as decisões de investimento.

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Antonio Temóteo

Antonio Temóteo é jornalista formado pelo UniCeub. Foi repórter do Correio Braziliense e do UOL. Nesse período, se especializou na cobertura política e econômica em Brasília. Acompanhou o impeachment de Dilma Rousseff e a aprovação de diversas pautas econômicas no Congresso Nacional. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Abrapp, focado em matérias sobre fundos de pensão.

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