“Há expectativa de novas variantes ainda surgirem”, diz pesquisadora, sobre novas vacinas
O desenvolvimento de uma nova geração de vacinas contra a Covid é necessário para combater futuras variantes. A afirmação é da pesquisadora Bruna Machado (foto), líder técnica no Brasil do ensaio clínico de uma candidata a vacina...
O desenvolvimento de uma nova geração de vacinas contra a Covid é necessário para combater futuras variantes. A afirmação é da pesquisadora Bruna Machado (foto), líder técnica no Brasil do ensaio clínico de uma candidata a vacina desenvolvida pela americana HDT Bio em parceria com o Senai Cimatec.
A primeira fase do ensaio começou em 13 de janeiro, no Senai Cimatec, em Salvador.
“Há expectativa de novas variantes ainda surgirem”, disse Machado, em entrevista O Antagonista. “Daí a importância de a gente ter vacinas que as enfrentem”.
Graduada em farmácia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Machado é doutora em biotecnologia pela Universidade Federal do Sergipe (UFS).
Para Machado, a vacina em desenvolvimento pode ser caracterizada como de 2ª ou até 3ª geração. Ela usa a tecnologia de replicon de RNA (RepRNA), ainda inédita nas vacinas contra Covid já aplicadas em massa hoje no mundo.
As vacinas de RNA mensageiro atuais, como a da Pfizer e a da Moderna, instruem o corpo a produzir a proteína spike (espícula) do vírus. Em seguida, o sistema imune produz anticorpos para combater o que acredita ser uma infecção.
Já o replicon, como sugere o nome, é capaz de se autorreplicar dentro das células. Ele funciona como uma máquina de fotocópias, reproduzindo várias vezes a mesma ‘receita’. Exatamente por causa disso, a nova vacina pode ser aplicada em doses menores, o que tem pelo menos três vantagens.
“Primeiro, isso reduz o custo da vacina, um benefício importante”, disse Machado.
Em segundo lugar, uma dosagem menor reduz o risco de reações adversas e a gravidade das reações.
“Mas o mais importante é a imunogenicidade”, acrescentou a pesquisadora – ou seja, a capacidade de provocar resposta imune.
Como a dosagem é menor, futuras aplicações da vacina poderão trazer duas ou três formulações diferentes – assim, a pessoa seria imunizada contra diferentes variantes em uma única injeção. É o que pesquisadores da OMS cogitaram neste mês: uma vacina multivalente, com antígenos de cepas diferentes.
Os pesquisadores combinam no Senai Cimatec os ingredientes da candidata a vacina, que vêm de dois países. O RNA vem dos Estados Unidos, e o transportador é fabricado pela Gennova Biopharmaceuticals, na Índia. Os indianos também estão fazendo um ensaio clínico; por lá, já começaram a fase II.
“Nossa expectativa é terminar fase I até o fim de abril”, acrescentou Machado. Nesta etapa, 90 voluntários receberão a candidata; de 600 interessados, 250 se mostraram elegíveis.
No Brasil, a pesquisa é patrocinada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – o ministro Marcos Pontes compareceu à cerimônia de início do ensaio clínico, em Salvador.
Enquanto isso, o ensaio clínico da Versamune, a “vacina de Ribeirão Preto”, anunciado por Pontes com grande alarde há quase um ano, no mesmo dia do anúncio da ButanVac, ainda não começou.
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