Na última década, a imagem estereotipada do Neanderthal como um ser primitivo e aculturado tem sido constantemente desafiada. Estudos recentes revelaram que esses antigos humanos possuíam comportamentos sofisticados, tal como a realização de práticas funerárias e a criação de adornos. Contudo, persiste a questão sobre desaparecimento dos neandertais ocorrido há cerca de 40 mil anos.

Novas pesquisas sugerem que o estilo de vida e a estrutura social dos Neandertais podem ter desempenhado um papel crucial em sua extinção. Ao contrário dos Homo sapiens, que exibiam uma rede social mais diversa, os Neandertais viviam em pequenos grupos isolados, o que pode ter levado à falta de diversidade genética e, eventualmente, à sua queda.

Qual foi o papel da endogamia na extinção dos Neandertais?

Pesquisadores do Instituto Globo, da Universidade de Copenhague, descobriram que os Neandertais eram altamente endogâmicos, o que significa que possuíam baixa diversidade genética. Evidências deste comportamento foram identificadas através da análise de fósseis encontrados em uma caverna no Vale do Rhône, na França. Tais achados reforçam a teoria de que a reprodução entre parentes próximos afetou a sobrevivência da espécie, especialmente se comparada aos Homo sapiens que formavam laços com diversos grupos.

Tharsika Vimala, da Universidade de Copenhague, destacou que os estilos de vida isolados podem ter limitado a comunicação e troca de conhecimento entre os grupos, características que favoreciam os Homo sapiens em termos de sobrevivência e adaptação a novas condições ambientes.

Como os Neandertais se adaptaram ao seu ambiente?

Contrariando antigas crenças, novas descobertas indicam que os Neandertais eram notavelmente adaptáveis ao ambiente. Estudos conduzidos por arqueólogos na Universidade Nacional Australiana revelaram que esses antigos humanos tinham conhecimento de estratégias complexas de exploração de recursos naturais. Em Abric Pizarro, na Espanha, um dos locais de pesquisa, foram encontrados artefatos e restos de animais que demonstram um consumo diversificado de recursos, incluindo veados, cavalos, tartarugas e coelhos.

A arqueóloga Sofia Samper Carro explica que tais descobertas implicam um planejamento complexo, raramente associado aos Neandertais. Esse conhecimento e habilidade para se ajustar a mudanças climáticas adversas desmentem a ideia de que eles eram incapazes de sair de suas cavernas para um mundo mais amplo.

Que informações sobre a dieta dos Neandertais ainda são desconhecidas?

A dieta dos Neandertais continua a ser um campo de investigação desafiador devido à carência de evidências arqueológicas diretas. Mariana Nabais, do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social, enfatiza que entender os hábitos alimentares desses hominídeos pode oferecer insights valiosos sobre sua capacidade de adaptação e sobrevivência em ambientes diversos ao longo de centenas de milhares de anos.

Experimentos recentes demonstraram que em vez de consumir aves cruas imediatamente, os Neandertais provavelmente as assavam sobre brasas, um método que se mostrou rápido e eficaz durante as simulações feitas por pesquisadores. Ainda assim, Nabais destaca que mais estudos são necessários para ampliar a compreensão completa das dietas neandertais, sugerindo a inclusão de uma maior variedade de presas pequenas e outros produtos não alimentares.

O futuro das pesquisas sobre Neandertais

Pesquisas em curso e futuras poderão oferecer informações críticas sobre os Neandertais e seu desaparecimento. Escavações contínuas em locais como Abric Pizarro podem revelar mais sobre como esses antigos humanos viviam e interagiam com seu ambiente. A compreensão da transição dos Neandertais para os Homo sapiens modernos oferece uma janela única para a evolução humana, destacando os complexos fatores que podem ter contribuído para a extinção de uma das nossas espécies parentes mais próximas.