Hollywood “woke” segue em crise
Com altos investimentos e baixa qualidade, grandes produções falham em cativar o público, expondo a desconexão entre estúdios e audiência
A indústria cinematográfica de Hollywood, outrora considerada uma máquina de sucessos bilionários, enfrenta uma crise evidente. Ao priorizar narrativas alinhadas com agendas identitárias “woke”, os estúdios parecem ter se afastado daquilo que o público mais deseja: boas histórias e personagens cativantes.
A série “Os Anéis de Poder”, da Amazon, ilustra bem essa crise. Com um orçamento estimado em US$ 1 bilhão, a produção foi vendida como a próxima grande saga de fantasia, baseada no universo de J.R.R. Tolkien. No entanto, a segunda temporada sofreu uma queda de audiência de mais de 60% em relação à primeira.
Mesmo com toda a pompa de marketing e uma produção visual impecável, o enredo fraco, o desrespeito à obra original e os personagens mal desenvolvidos foram amplamente criticados. O resultado foi um distanciamento do público, como apontado por dados de audiência e a avaliação negativa dos espectadores.
Outro exemplo do colapso criativo é “The Acolyte”, da Disney+, que prometia uma abordagem inovadora dentro do universo Star Wars, centrada no lado Sith. Apesar de toda a expectativa inicial e da promessa de inclusão LGBTQIA+, a série foi cancelada após uma única temporada.
A produtora Leslye Headland, ex-assistente pessoal de Harvey Weinstein e abertamente crítica à tradição dos filmes da franquia, tinha planos de trazer um “código queer” ao enredo, ela mesma uma ativista gay. No entanto, com avaliações mornas e uma queda acentuada na audiência, o projeto não resistiu, expondo mais uma vez que grandes produções baseadas em agendas identitárias tendem a alienar o público quando não são acompanhadas de qualidade narrativa.
O MCU, que outrora dominava as bilheterias globais, também mostra sinais de desgaste. A recente série “Invasão Secreta” e projetos como “Agatha: Coven of Chaos” revelam que o entusiasmo pelo universo Marvel está diminuindo. A saturação de conteúdo, combinada com uma falta de direção clara nas novas fases, resultou em uma queda significativa de interesse. Mesmo os filmes mais esperados têm enfrentado resistência por parte do público, que parece estar cansado de roteiros previsíveis e tramas politizadas.
O Peso da Agenda Woke
A crise em Hollywood não é apenas uma questão de enredo ou personagens. As produções recentes têm sido dominadas por uma agenda política identitária, que privilegia a “diversidade” forçada e a inclusão, muitas vezes em detrimento da qualidade da obra.
Os defensores da agenda woke dizem que a “justiça social” era uma urgência política necessária, mas ignora que se transformou em uma imposição autoritária, sem diálogo e nuances na análise. Em vez de conquistar corações e mentes, a agenda radical alienou audiências ao tratar de questões complexas com superficialidade, histeria e caça às bruxas imaginárias, numa espécie de macarthismo reverso,
A imposição de novas regras para o Oscar de Melhor Filme, que exige que as produções atendam a critérios de inclusão de minorias, reflete essa tendência. Em 2024, os indicados à categoria deveriam cumprir com padrões de diversidade que incluem a presença de pelo menos um protagonista de grupo minoritário ou que a narrativa central aborde questões de raça, gênero ou orientação sexual.
A preocupação excessiva em seguir essas diretrizes acaba diluindo a força de muitas histórias, que se tornam veículos para agendas políticas elitista e extremistas, em vez de focarem na qualidade. Isso aliena uma grande parte do público, que busca entretenimento e escapismo, mas encontra produções que mais parecem palestras morais de bilionários entediados.
O público tem respondido com desinteresse. Filmes como “Elemental”, da Pixar, apresentando narrativas progressistas, tiveram um dos piores desempenhos de estreia da história da empresa. A queda nas bilheterias e na audiência das séries sinaliza que o modelo atual de Hollywood, centrado na agenda “woke”, está fracassando. E a indústria está sentindo o impacto.
A Disney, por exemplo, já admite que sua abordagem em questões sociais pode ter prejudicado sua imagem e marcas. A companhia começa a rever suas estratégias, com foco em retornar às raízes de entretenimento familiar, que outrora garantiram seu sucesso global.
Enquanto isso, grandes corporações como Amazon e Warner Bros. tentam equilibrar inovação e a nostalgia que atrai os fãs de longa data. Mas a verdade é que os fracassos sucessivos dessas superproduções milionárias estão forçando uma reavaliação profunda.
Investir bilhões em um produto de baixa qualidade é insustentável, especialmente quando o público, mais crítico e exigente, não tem receio de abandonar séries e filmes mal executados.
A crise em Hollywood está longe de acabar. Com a ascensão do streaming e a saturação de conteúdo, os estúdios enfrentam um desafio único: como reconquistar um público que já não se impressiona com grandes orçamentos ou efeitos visuais.
A solução pode estar em um retorno às raízes da narrativa, com foco em enredos cativantes e personagens que criem uma conexão genuína com a audiência. Sem isso, as produções continuarão fracassando, e a indústria corre o risco de ver seu império de superproduções ruir diante de seus próprios excessos.
Hollywood ainda não afundou, mas se não corrigir a rota, pode estar mais perto disso do que imagina.
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