Guerra Servil
Não se morre de tédio no Brasil. Se morre de bala, de soco, empalado, afogado, soterrado, de covid ou catapora na fila do SUS, mas de tédio ninguém morre. O povo aflito acompanhou a apuração do segundo turno como se fosse corrida de cavalo, os dois candidatos disputaram focinho a focinho e no final deu Lula, mas Bolsonaro pagou placê...
Não se morre de tédio no Brasil. Se morre de bala, de soco, empalado, afogado, soterrado, de covid ou catapora na fila do SUS, mas de tédio ninguém morre. O povo aflito acompanhou a apuração do segundo turno como se fosse corrida de cavalo, os dois candidatos disputaram focinho a focinho e no final deu Lula, mas Bolsonaro pagou placê.
Inconformados milhares de bolsonaristas foram para as ruas protestar pacificamente com seus fuzis, pistolas, metralhadoras e bazucas de uso exclusivo das Milícias, Comando Vermelho e PCC. Foram para a porta dos quartéis achando que a milicada sairia para derrubar o governo (qual governo?) e instaurar uma ditadura modelo 64, enferrujada, que ficaria estacionada na porta do Palácio do Planalto em Brasília.
A tropa não gostou de ser acordada bem no meio da sesta depois do rancho e um soldado veio até a porta para explicar que o Exército está sem verba para aplicar golpes e também está muito ocupado caiando arvores e cuidando do gramado do campo de futebol. Domingo vai ter torneio dos oficiais e tudo tem que estar um brinco. Na verdade, o alto comando das nossas forças armadas não tem o menor interesse em dar golpe. Uma vez no poder vão ter um trabalho desgraçado para caiar uma por uma todas as árvores da Amazônia e os campos de futebol dos quartéis ficariam abandonados, imprestáveis para as manobras táticas do futebol e todo mundo sabe que domingo tem o torneio dos oficiais e em seguida churrascada.
Os Bolsonazistas, fardados com a camisa da seleção, resolveram procurar outra liderança do movimento patriótico, o Neymar, que em preparativos para a Copa do Mundo descansa numa reive em Ibiza. Mal humorado por ter sido interrompido no meio da badala, o centro avante de extrema direita alegou que não pode participar da intervenção federal pois acabou de assinar com a Adidas , a Nike e a Ambev.
Sem alternativa os Bolsoneristas resolveram bloquear as estradas tacando fogo em pneus. E não foi só isso! Insatisfeitos com o resultado das urnas, resolveram bloquear também a Isaura, a minha patroa, entrada e saída. A insaciável criatura subitamente perdeu então o seu o direito de ir e vir, em movimentos ritmados e cada vez mais intensos, um direito inalienável e constitucional, e que ainda permite colocar alguma comida na mesa lá de casa.
Apavorados com a possibilidade do Brasil no governo Lula virar uma imensa Venezuela de esquerda, a rapaziada Bozonista resolveu se antecipar e transformar o Brasil numa Venezuela de direita.
Agamenon Mendes Pedreira é bolsonarista de esquerda.
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